Sexo, drogas e rock and roll

Citarei 3 fatos (os chamados insights) que aconteceram em minha vida.

Fato 1:
Ganhei um livro velho quando tinha 14 anos de uma vizinha, amiga de minha mãe, chamado “O Jovem e Seu Mundo”.
Era início dos anos 70, mas o livro com certeza era dos anos 50.
O que marcou deste livro, foi uma foto colorida de um jovem de 18 anos.
Bem vestido para a época, com terno e gravata, diante de um Chevrolet Bell Air novinho em folha, no alto de uma colina, olhando para uma cidade em primeiro plano com o por do sol ao fundo.
A legenda da foto era profética: O jovem tem o futuro todo pela frente. Suas escolhas é que definirão seu sucesso!

Fato 2:
Entrei no restaurante da empresa com colegas de trabalho, 20 anos depois do fato acima. Anos 90.
O assunto empolgante era sobre nossa adolescência, gostos e como nos comportávamos.
Eu fora um adolescente totalmente diferente dos outros colegas.
Aos 14 anos usava cabelos compridos, jeans, sandálias de couro feitos à mão com sola de pneus velhos, adorava música, tocava em uma banda de rock e citei o quanto era feliz.
O comentário de um deles, jovem executivo de 30 anos com carro novo, casa com piscina e mulher bonita foi um verdadeiro choque para mim:
__Que bom que você percebeu as coisas e mudou. Não imagino você como hippie, drogado e vagabundo até hoje! Seria um desastre!

Fato 3:
15 anos após o fato 2, e 35 após o primeiro fato, estou na cozinha conversando com mulher e filhos, todos felizes e contando piadas, até que um de meus filhos me faz um comentário:
___Pai, como você mudou desde que voltou a tocar. Você é outra pessoa. Mudou a sua personalidade de um dia para o outro. Hoje sou muito mais seu amigo que seu filho.

Escutei aquilo horrorizado. Para mim eu sempre fui eu! Ou seja, eu nunca mudei minha forma de pensar e agir!

O que tem de comum entre esses 3 fatos aparentemente desconexos?

Tenho certeza, que o que liga esses 3 fatos de minha vida é a música!

A vizinha me deu o livro, pois achava que eu era hippie, e por causa da música, me tornaria um vagabundo.
Ela teve medo de que eu me transformasse numa pessoa perdida, sem valor.
Ouso hoje admitir, que naquela época o mais importante para mim era realmente a música.
Isso era o meu maior valor!

Dos 30 aos 40 anos, ganhando bem e trabalhando 12 horas por dia, o que importava para mim era casa com piscina, carro e bens materiais. Dei tudo que minha família precisava em termos monetários. Tinha carro esportivo conversível... Foi quando me afastei da música. Deixei de dar valor a ela.

Hoje, todos sabem, voltei a tocar.

O músico, não é hippie, não é drogado e muito menos vagabundo!
Também não é um fracassado e peso para sociedade.

Não foi hippie quem inventou sexo. Se te falarem que antes dos anos sessenta os bebês vinham pelas cegonhas, não acreditem: já existia sexo antes de 1960.

Não foi músico que inventou drogas. Alias, a indústria das drogas começou efetivamente nos anos 80 e 90. E não é músico e nem hippie que controla o tráfico!
Hippie nem existe mais!

Até os anos 50, o maior valor que um jovem poderia almejar era o sucesso e bens materiais. Ou seja, dinheiro. Era o jovem só contra o mundo brigando para ter esses valores.

Nos anos 60 e 70 o jovem mudou seus valores e passou a acreditar na música, na amizade, na união. Era o bando alegre e colorido querendo ser feliz. Dane-se dinheiro. “Money” era conseqüência e não fim.
A natureza era nossa mãe, chega de poluição! Ninguém maltrata a própria mãe.
Paz e amor era o lema.
Eita geração rock and roll perdida!

À partir dos anos 90 houve a volta dos valores dos anos 50. O jovem está só novamente, e tem que ter grana para ter sucesso. Não importa os meios!
Quer carro novo, dane-se a poluição! Tem amigos virtuais.
É politicamente correto.
As mulheres estão cada vez mais lindas e perfeitas, mas com cabeça vazia!
O sucesso é instantâneo. Dizem que dura 15 min...

Meus Deus!

Que saudades das besteiras e valores dos anos 60 e 70.
Eu já percebi isso e voltei a tocar, que é a forma de me tornar um ser humano melhor!

Mas quando é que vai aparecer um babaca feio, politicamente incorreto, e que queira apenas mudar o mundo para melhor, não se importando com sua própria conta bancária?

Eu acho que sou Rock and Roll demais para os dias de hoje...

^...

Sexo, drops e rock and roll.

Lembro até hoje, com uns 8 anos de idade, meu pai falando pra minha mãe: "É fase, logo passa".

^ Meu pai também disse isso, aliás a minha família toda achava isso, mas perceberam que o negócio era sério no dia em que perguntaram quando eu ia parar de tocar e eu na mesma hora disse: só quando morrer, isso se não tiver banda precisando de baixista lá no céu.
Emendando o assunto, aconteceu um fato curioso comigo esses dias... Meu patrão esses dias também veio com uma piada assim: "Samuel tenho uma promoção pra você, só que tem uma condição, tens que parar com a música. Aí eu disse pra ele o seguinte: Onde que eu assino? E ele: Assim que eu gosto de ver, pessoas com vontade de crescer! E então eu falei: Ah, desculpa, eu me expressei mal... Eu quero saber onde eu assino a minha saída da empresa... O cara achou que eu estava brincando, mas logo no final emendei que, quando se trata de música, eu não brinco. Tem quem brinque, mas esse alguém não sou eu. Melhor de tudo é que não fui demitido e estamos conversando sobre a minha promoção! \o/

Eu não sou musico profissional e nem tenho pretensão de ser.
Mas levo a musica como um hobby serio, e a grande maioria dos meus amigos(amigo, aquele que se pode por a mão no fogo e chamar de irmão) são devido a musica.
conheci minha esposa por meio de amigos musicos(ela não toca, mas dança, tudo "Artista")
e se não fosse pela musica eu seria um cara chato(mais) e sem alegria.
portanto concordo com o pessoal ai. parar só quando eu morrer! e olhe lá.

Esse texto do Mauricio foi uma das melhores coisas que já li esse ano!
É tudo verdade, admito que, com meus 21 anos de idade, tudo gira em torno de pressão, tempo, dinheiro, etc.
Ainda não tenho minha vida financeira resolvida e por isso sou alvo de muita pressão pra me formar, seguir carreira pública, etc... Isso tudo pode ser até feito, mas com a música sendo o primeiro caminho e a inspiração! Como meu pai costuma falar: "Importantes mesmo são as coisas da alma" nunca esquecerei disso!

Maurício,
minha experiência com a música é mais emocional que prática; minha vida profissional...deixa prá lá; minha esposa já sofreu muito comigo, minha filha é meu maior orgulho; e, como deve ser óbvio, não sou crítico literário. Mas sempre li MUITO, e um tiquinho de nada, eu sei.
Meu caro, sua "veia" artística não está só na música, não.
Texto bastante coerente, com um desenvolvimento muito bom, ritmo - pontuação é fundamental.

Se me emocionei ou não, não importa.

Mas aperto "virtualmente" sua mão, pelo músico, pelo pai, e pelo Homem, que através da música, você se tornou

too old to rock'n'roll and too young to die!

+1

fmt90 escreveu:Esse texto do Mauricio foi uma das melhores coisas que já li esse ano!

Maurício, cara você se expressou de forma tão clara e sincera que fica impossível não se emocionar e até mesmo não se ver retratado em seu post.
Parabéns pelo texto e por ter percebido que aqueles que amam a música ou qualquer arte em geral. São pessoas mais felizes.

Adoro música desde moleque, qdo tinha 7 anos pedi a minha vó um lp dos secos e molhados de natal para a surpresa dela, isto em 1973. Até hoje tenho este vinil. Minha adolescência foi nos finais dos anos 70's. Não fui hippie, mas usava cabelo comprido e causa jeans, como os jovens de 20 poucos anos, aquela geração foi única, peguei o final dela. Pedia o meu pai para me botar numa escola de música e aprender a tocar. Meu pai não deixou, hoje eu entendo porque, a rapaziada pegava pessado nas drogas, vários músicos na época morreram de overdose. Na época, cheguei a tocar violão por conta própria. No final dos anos 70 e todos anos 80 fui em tudo q é show. Andava com a galera do Rock in Roll. Não tinha a violência de hoje, iamos a show's tranquilamente. Hoje vejo as pessoas dançarem música eletrônica com extase, se é q isto posso chamar de música. E no final sempre a confusão e gente drogada. Eu lembro q não fiz tatuagem, porque as empresas não empregavam tatuados. Só rebeldes e rockeiros usavam tatuagem, era coisa de marginal. Hoje todo playboyzinho e patricinha usa. Jogava futebol na rua, nos campinhos de areia, hoje tem condomínios com quadra, mas são pouco usados. A molecada prefere jogar futebol no playstation. As meninas não brincam de bonecas, pulam cordas, amarelinha. Elas ficam no facebook ou orkut. Eu curtia A cor do Som, 14 bis, Paralamas, Barão Vermelho, Kid Abelha, Legião Urbana,... Hoje tem Restart, Fresno, NXzero,.... Q diferença !!! Nós tinhamos referência, babavamos ao ver um Pepeu Gomes, Armandinho, Flavio Venturini, Robertinho do Recife, ..... Hoje a mulecada vai ver quem tocar??? Pe lanza, (sei lá)???

A música me faz bem até hoje, pena q eu ainda viva do passado, pois tirando Ana Carolina, Maria Gadú, e algumas outras excessões, temo pelas novas gerações, pois não vejo boas referências.

Parabéns Maurício por sua declaração, muito comovente.

Belos textos!!!
Não levo a música profissionalmente mas é um hobby levado a sério, onde encontros amigos de infância que começaram no rock junto comigo. Fase boa que não se vê nessa juventude de hoje. Que pena!!!

Muito bom seu texto cara...
Também tô no auge dos meus 21 rs... me identifiquei com a postagem do fmt90.
Apesar de novo me descobri pra música meio tarde... hehe Ainda não sei no que vai dar, mas sei que ela ajudou a transformar muita coisa em mim, ainda mais nessa fase que a gente é obrigado a deixar de ser "moleque" e dar de cara com a vida.. hehe

Sobre valores e pretensões de vida, vou parafrasear um filme que vi recentemente:
"Tudo é a p*** do dinheiro!"
Espero não precisar render minhas expectativas a essa "máxima".

Esse post me fez lembrar minha vida ...

- dos 15 anos quando eu era um jovem cheio de sonhos na cabeça começando a ter aulas de teclado
- dos 18 aos 27 qdo era uma pessoa que trabalhava, trabalhava, trabalhava ... uma pessoa fria, ranzinza e meio isolada do mundo ...
- a partir dos 27 quando eu tive uma epifania após uma conjunção de fatos ruins e resolvi voltar a correr atrás das coisas que eu queria (e sempre adiava) e resolvi aprender a tocar contrabaixo ...

Desde então minha vida tem sido cheia de acontecimentos bons (ou então eu que passei a enxergar as coisas felizes da vida). Esse post me fez pensar se voltar a tocar me fez mudar pra melhor e desencadeou um "ciclo virtuoso" na minha vida

Desde que comecei a tocar, aos 15 anos e aos 20,quando me tornei baixista a música sempre fez parte da minha vida e agora, caminhando pros 44 ainda continua fazendo, é algo que, depois de Deus e de minha família eu não me imagino sem. Parabéns Maurício pelo tocante relato.

Mauricio, realmente estou sem palavras.
Obrigado por compartilhar sua experiencia de vida conosco.

Muito bacana o texto.
O f*** é que mal sabem eles que músico rala e tem que se atualizar mais que a maioria dos profissionais. O problema não é a profissão mas o fato dela ser muito profissional e o mercado e a sociedade não enxergarem isso e continuam agindo como se não fosse.
Aqui músico é produtor, roadie, diretor artistico, divulgador, administrador e tudo em um pacote só sem que isso seja minimamente explorado ou ensinado inclusive nas faculdades.

Xará, Esse seu têxto me lembrou a letra de Como nossos pais, do Belchior....
Estou aqui, em minha mesa, na universidade, preparando uma aula sobre a "Primavera de Praga", e percebo o quanto a história nos ensina, e o quanto os reacionários de hoje são tolos, pobres e mesquinhos.....
Amanhã, quando estiver no palco com minha banda, vou lembrar de vc....
Um grande abraço....

Lendo textos assim que me sinto mais orgulhoso de ter estufado o peito e dito em casa:

"Vou largar a física e estudar música!"

E não houve santo que me tirasse isso da cabeça!

Sempre vou pensar no seu texto, Mauricio, e me lembrarei dele sempre que alguem perguntar se eu não quero seguir uma profissão decente!

Sinceramente não esperava essa recepção toda. Emotivei... Mesmo!

^Cara , me orgulho de pertencer a família ContrabaixoBR , me orgulho de tocar ao menos um pouquinho , nosso querido instrumento...e me orgulho de ter conhecido (ao menos virtualmente por enquanto) amigos como você , e todos os brothers daqui Maurícião...abraço.

Mauricio, show mesmo o texto. Traduziu muita coisa.

Eu fiquei dos 15 anos aos 30 ligado à musica: bandas, estudos, faculdade, trabalho... até que "troquei" de área, justamente porque não conseguia dar andamento aos meus projetos (principalemnte os ligados à musica) por pura falta de grana. Pretendia trabalhar em outra área e continuar tocando e montar meu estudio.

Fique 4 anos sem praticamente encostar nos equipamentos por conta das mudanças e do tipo de trabalho. 4 anos "perdidos". Não voltei a tocar com rotina, só tiro um som as vezes e estudo em casa. Meu humor melhora sensivelmente depois desses eventos.

Lembro de um conhecido que tinha loja em Niteroi. Baixista também, durante 10 anos ele não tocou por conta da loja. Quando entrou em crise, tempos antes de fechar, ele voltou a tocar (profissionalmente, diga-se). E certo dia me disse: "rejuveneci 10 anos! Meus filhos dizem que estou melhor! Me sinto bem, como me sentia antes de parar de tocar".

Antes que, ao invés de 5, eu perca 10 anos como ele, farei o mesmo. E aconselho a todos aqueles que gostam - profissionais ou não, com bom nível ou não - de tocar, gravar ou simplesmente ensaiar, que realmente não tirem isso de suas vidas. Faz falta. E muita. Tal qual escreveu o Mauricio lá em cima.

A postagem do Maurício me inspirou mais ainda a continuar me esforçando para participar desse mundo dos graves, o qual conheço há um ano ou dois, e legitimou aquilo que eu sempre pensei: Sem a música, eu nem mesmo me pareceria com quem eu sou hoje.

A música nos desperta nova vida.

Parabéns pelo post magnífico!!!

Êêêêh música!!!

O Maurício deveria escrever um livro de crônicas do dia-a-dia. Tem muito talento pra coisa, realmente...

Belíssimo texto.

Exato, belíssimo texto mesmo!

Fernando Zadá escreveu:Muito bacana o texto.
O f*** é que mal sabem eles que músico rala e tem que se atualizar mais que a maioria dos profissionais. O problema não é a profissão mas o fato dela ser muito profissional e o mercado e a sociedade não enxergarem isso e continuam agindo como se não fosse.
Aqui músico é produtor, roadie, diretor artistico, divulgador, administrador e tudo em um pacote só sem que isso seja minimamente explorado ou ensinado inclusive nas faculdades.

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Muito legal o texto Maurício, obrigado por compartilhar conosco !

Engraçado a sociedade moderna. As pessoas tem a necessidade de pertencer a alguma "tribo", o "diferente" é visto como maluco e as pessoas se importam demais com a opinião alheia. O ter vem antes do ser e as pessoas estão extremamente fúteis.
A sociedade exige que você seja consumista por natureza, te empurra essa idéia goela abaixo, que tenha tudo, do bom e do melhor, e as pessoas acabam não se dando conta que o verdadeiro sentido da vida está nas coisas mais simples e singelas e nas verdadeiras amizades...

Maurício_Expressão escreveu:Sinceramente não esperava essa recepção toda. Emotivei... Mesmo!

Em níveis diferentes, mas a essência do teu texto está na vida de todos os músicos. Seja no RnR, na música em si ou no instrumento, todo mundo um dia percebeu que não existe volta desse mundo.

Por mais que você se afaste, a música sempre estará lá te chamando de novo e o músico nunca mais conseguirá ser feliz de verdade sem ela.

Maurício, parabéns pelo texto e muito obrigado!

Foi bom demais ter lido isso hoje.

Mauricio, Que belo texto hein!!!
Eu nos meus 3.0 relutei tantas vezes em seguir os caminhos da música. Meus 2 irmãos, um guitarrista e o outro tecladista sempre me incentivaram e eu demorei muito pra entender que era pra ser assim. Mas, depois do dia que descobri que nasci pra ser baixista, tudo mudou e tenho vivido os dias mais felizes da minha vida!!!
Seu texto me fez viajar no tempo e lembrar daqueles dias cinzentos e chuvosos em que meus irmãos ficavam discutindo comigo pra eu aprender um instrumento.
Valeu a Pena.

allexcosta escreveu:O Maurício deveria escrever um livro de crônicas do dia-a-dia. Tem muito talento pra coisa, realmente...

Belíssimo texto.

+ 2 ou ser colunista, nem que seja colunista virtual!!!

Passei por algo parecido, abandonei a musica p/ ser psicólogo. Deixei familia, namorada de 10 anos p/ trabalhar na area da minha formação a 800km de casa. Em um ano estava de carro quitado. Não passava vontade das coisas. De Nada!!!

Dps de 4 anos quando me vi não tinha mais namorada, minha vida tava um caco, eu tava magro, me arrebentando de trabalhar. A unica coisa que me animava era o proprio trabalho (gostava muito do que fazia) mas infelizmente, mesmo gostando, o trabalho não era tudo. Queria estar junto dos meus pais, dos meus amigos de verdade e tb da musica.

Em resumo, larguei tudo e voltei. Hj estou morando em uma cidade que fica a 60km dos meus pais e amigos, toco toda semana: quinta, sexta sabado e domingo e no meio de semana trabalho em um escritorio da Claro.

Em volume de trabalho tenho muito mais agora, mais estou muitoooo feliz. Juntando os dois trabalhos ganho o mesmo que ganhava longe de casa. Gosto muiiiito de trabalhar com psicologia, tanto é que eu nem cancelei o meu registro profissional. Posso voltar a trabalhar na area sim, desde que eu nao tenha que sacrificar as coisas que eu mais amo na minha vida: Familia, namorada, amigos, musica etc... Dinheiro nenhum compra isso!!!!

Muito bom Maurício...

Me comoveu Mauricião... de vdd! Demais o texto! Tenho pensando mt nessas coisas ultimamente e o texto foi legal msm pra enriquecer este meditar...

Maurição!!!! Essa foi f***!!! Você definiu, na sua história, a minha!

Amo minha profissão, mas me formei usando a música pra pagar os estudos!

Passei 10 anos da minha vida me dedicando mais à Medicina que à música, por "entender" que haviam necessidades que deveriam ser satisfeitas, como dar um lar pra minha família, pagar os estudos dos meus filhos, manter as contas de casa...
Na medicina eu tinha a opção de fazer tudo isso e viver estressado e sem minha família. Tinha 5 empregos pra ter uma renda razoável. Mas não tinha tempo pra ver meus filhos crescerem.
Resolvi reduzir isso pra 3 empregos e apertar (muito) o cinto. POdia curtir as crianças, mas o nivel de estresse financeiro multiplicou por mil!
Vivi muito tempo nesse "diadema retróz", como dizia minha querida Tia Dulce.
Achei a internet como uma forma de "desabafar", escrevendo! E comecei a encontrar velhos amigos da música. E aos poucos fui voltando, voltando, voltando! Voltei a estudar música, estudar meus instrumentos, que estavam aqui parados há anos. Acabei comprando mais uns... Doideira!
Como estava sem banda, parti pra produção, aqui no home-studio.
As amizades aumentaram e surgiram novos amigos e parceiros!
Voltei a compor...
Veio a idéia do blog, que depois virou programa... Mas eu já estava com a música fervendo nas veias de novo!
No fundo, estou louco pra voltar pros palcos, tocar, cantar...
Mas posso dizer que hoje já estou bem mais tranquilo!
Na verdade eu confesso que, apesar de não querer, eu mudei sim! Da mesma forma que você mudou e não percebeu! Acredite no seu filho: você melhorou muito, com toda certeza...

Pesso permissão pra colocar teu texto no meu Blog... Adorei!!!

Qual o seu blog Andrezinho?
Pode divulgar?

Será uma honra, Andrezinho!

É muito bom ler um texto tão bem escrito, ainda mais tratando de um assunto tão afeto à nossa realidade de músicos, profissionais ou amadores.

Parabéns, Maurício! E obrigado pelo texto!

fabiormotta escreveu:Qual o seu blog Andrezinho?
Pode divulgar?

Claro que sim!

Molezinha: De Papo Pro Ar

pensei q era Na Maca com Dr. Andre

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Esse texto não só fala da história do Mauricio, mas a de muitos daqui do fórum.
La em casa a visão do pessoal é "músico é vagabundo", nunca tive apoio em nada relacionado a isso.

Os textos do Mauricio são ótimos, já demorou pra montar um livro com suas histórias.

Belo texto. Concordo que a música(arte), nos aproxima de nossa verdadeira identidade.
Nos faz olhar mais pra dentro, e tira o nosso foco total dessa ilusão que é essa sociedade moderna na qual nos instalamos, que só tem cara de realidade pra quem esta submerso nela...

Tá lá, Maurição!!! Sexo, DORGAS e Rock & Roll no meu blog

A música é uma reza e a reza nos faz pessoa melhor!

Grande contribuição Maurício!

Bom, eu tenho 16, talvez nem metade da idade de parte de vocês.
A frase "é fase, logo passa" é o que eu mais ouço dês dos meus 12 anos, quando comecei ouvir Ramones, Nirvana, Guns n Roses, Metallica...

"Daqui um tempo ela para de ouvir essa musica do capeta"
......
Quando saio com meu pai para algum shopping ou coisa assim ele me mostra jaquetas de florzinhas, rosa, delicado às vezes formal e quando ele vê minha preferência pela jaqueta de couro com rebites ele olha pra mim e diz: um dia voce vai preferir tudo isso que estou te mostrando. (Ele também disse isso após me mostrar um cd de musica romantica italiana, dessas que o sujeito tava com dor de barriga)

No começo isso me machucou, era como se meu pai não me conhecesse e não tivesse percebido que só ando cada vez mais rock n roll, que eu amo cada vez mais o que faço.

Não é querendo bancar a adolescente revoltada sonhadora inconsequente, mas eu não consigo me ver daqui anos usando terninho, atras de uma mesa de escritório, assinando papéis, ouvindo musica romantica italiana.

Talvez daqui muito tempo meu gosto para roupas não seja o mesmo, talvez eu fique mais discreta quanto a isso. Mas tirar o rock n roll de mim? Jamais.

Ps: Tambem posso dizer que, para alivio geral, essa geração não está completamente perdida

^ Zero,
Minha filha tem a sua idade, e eu a apoio em tudo o que ela faz e gosta, e sei que esse meu apoio será a única coisa que vou deixar pra ela.
Adoro ir a festas Animés com ela (ela adora mangás e a cultura otaku), e hoje, no carro, ela estava ouvindo Courtney Love e Blondie, pra alegria do seu velho jovem pai roqueiro!
Vou até propor pra galera da minha banda "tirar" essa música do Blondie pra ela cantar em um show nosso!!! Vai ser maneiro!!!

Ah galera já que é para dar o testemunho da juventude ( apesar de eu ainda estar nela ) vou contar como esse nosso maravilhoso instrumento me moldou de várias formas ( pensei 2, 3 vezes em postar minha história mais seilá vi que não tinha nada demais )

Pois bem, eu com uns 14 anos por aí vivia uma fase difícil da minha vida ( além dos hormonios nas alturas e das espinhas na cara ) meus pais estavam se separando e eu achava tudo aquilo "pesado" demais, um fardo que eu não conseguia carregar ( hoje em dia eu vejo o quanto era besteira )... sempre fui um cara, até hoje, idealizador demais, romântico demais para as coisas e isso foi um baque muito grande para mim

Foi aí que eu meio que entrei em depressão assim dizendo, eu que sempre fui um cara tímido imaginem fiquei ainda pior; minhas notas só despencavam no colégio, eu "praticava" todo tipo de bullying com os outros moleques talvez como forma de auto-afirmação já que eu não conseguia enchergar mais os pilares em casa. Manja?

E aonde a música entra nisso? pois bem, meu pai tocou muito em festíval, ele e a minha tia formavam uma dupla de musica regional... foi aí que eu "conheci o contrabaixo", de uma forma que eu não queria ser igual os outros e esse foi o meu maior acerto. Sempre curti RHCP e algumas outras bandas em que o baixo tinha até certa qualidade, só que até então eu não sabia qual era essa vibe. E comecei a tocar baixo, só porque eu não queria tocar guitarra... literalmente, eu não queria, achava comunzinho demais qualquer moleque metido a revolucionário empunhando uma guitarra ( essa era minha visão dos caras com 14 anos, não mudou muito )
Daí eu falei, quero tocar baixo
E foi assim que começou, depois de uns 3 anos fazendo aulas munido do mesmo tempo em sessões de psicanálise posso dizer que fiquei curado. Ou não!
Algum tempo depois tentei estudar guitarra, porém, não era aquilo que eu sentia tezão mesmo. O tezão tá no tocar baixo, tanto é que eu tenho uma Ibanez AF75 muito legal e nem sei tocar nada com qualidade

Se tem coisas que me ajudaram a me moldar e me tornar oque eu sou hoje pode crêr que foram : Música, Psicanálise e Tatuagens

Talvez tenham sido essas três coisas que transformaram o menino que mal conseguia encarar os outros nos olhos no oque eu sou hoje ( tá não é grande coisa mááás ). Hoje com 20 anos continuo novinho perto dos "veteranos" de guerra do forum, porém não gosto nem de imaginar como seria a minha vida sem conhecer os graves

Galera, a música é realmente maravilhosa, me identifico com os depoimentos de todos vcs... Sem ela, não sei onde eu estaria (acho que no sanatório).

Sou obrigado a citar mais uma vez o campeão Hermeto...

"A música segura o mundo, enquanto a gente viver".