R.I.P. Achiles Soares - Achiles Guitar Network

https://www.achiles.com.br/

Venho com imenso pesar informar o falecimento do grande luthier e membro deste Fórum ACHILES SOARES.

Achiles faleceu hoje cedo, aqui em Brasília, em decorrência de um infarto do miocárdio sofrido na manhã de ontem. Ainda não tenho informações sobre o velório.


Achiles Soares - 20/07/2022†

Conheci o Achiles em 2005 e, no decorrer desses anos, ele se tornou um conselheiro, praticamente um amigo. Cada ida ao seu ateliê era um momento de grande aprendizado e alegria para mim. Sentirei muito sua falta.  

^RIP. Guarde com carinho todo o legado que ele deixou e que te foi confiado. E que sempre se mantenha viva a memória dele e todos os momentos da vida que ele compartilhou contigo.

Meus sentimentos.

Poxa...

R.I.P.

Muito triste fui cliente dele por um tempo, era fenomenal sua sabedoria. Sentimentos

Que Deus o tenha
Meus sentimentos

Fiquei muito sentido com esse post. Espero que Deus possa confortar toda a família

Nossa que triste, cara novo
RIP

Meus pêsames, meu querido JAZZigo.

Merecedor da homenagem, a última vez que conversei com ele, buscando um de meus instrumentos, conversamos sobre o Arthur Maia, que havia falecido há uns dois três anos, pois queria meu fretless próximo ao timbre dele, o Achiles citou que tinham a mesma idade e já havia feito alguns trabalhos para ele, deixou o instrumento impecável, como sempre.
Partiram cedo e por questões cardíacas. Tem gente que parte e sentimos que poderíamos ter usufruído mais, estando mais próximo ou por meio do que tinham capacidade de produzir e agregar a nós, ambos se encaixam na situação.
Linda homenagem, que receba outras mais.
Ainda pasmo com a notícia e orando pelos familiares e amigos.
Parabéns pelo tópico Jazzigo.

Nossos sentimentos, que Deus conforte familia e amigos... Descanse em paz.

R.I.P.

Foi um ensolarado, seco, lindo e melancólico fim de tarde em Brasília...

Muita gente. Sua mulher, Ivana, e seus dois filhos, Athos e Aretha, na faixa dos 20 anos de idade, parecem ter ficado bastante comovidos com a grande quantidade de baixistas, guitarristas, amigos desconhecidos e outros luthiers inclusive que foram despedir-se do Achiles. Acho que a família não tinha ideia de quanta gente respeitava e/ou gostava do Mestre, aquele que não curtia conversar pouco   ... chamo isto de carisma.

O lado ruim, além da tristeza evidentemente, é que ficamos meio que órfãos aqui em Brasília para as soluções mais complexas em luthieria. Sozinho, sem aprendizes, assistentes ou herdeiros de seus segredos/técnica, seu trabalho se encerra inesperada e definitivamente. Por outro lado, o legado permanece nos instrumentos por ele construídos, sob a "tutela" de alguns poucos privilegiados como eu, modéstia à parte...  

Descanse em paz, querido amigo...

Poxa, que triste.
Jazz, meus pêsames. Ele fará falta, por inúmeros motivos.
Força à família e aos amigos do Achiles.

pedrohenrique.astronauta escreveu:^RIP. Guarde com carinho todo o legado que ele deixou e que te foi confiado. E que sempre se mantenha viva a memória dele e todos os momentos da vida que ele compartilhou contigo.

JAZZigo escreveu:Por outro lado, o legado permanece nos instrumentos por ele construídos, sob a "tutela" de alguns poucos privilegiados como eu, modéstia à parte...  

O principal:






ACHILES NH-1 CUSTOM HEADLESS BASS
- Baixo tipo headless de 4 cordas e escala de 34'' com 24 trastes & traste zero;
- Corpo estilo single cutaway, em freijó verdadeiro com top em nogueira (walnut);
- Braço com junção set-in neck em maple, escala em ébano macassar e logo inlay Achiles Guitar Network em madrepérola na 12ª casa;
- Tensor Nordstrand com reforço de 2 rods em fibra-de-carbono;
- Acabamento em verniz fosco;
- Warmoth Gold GD6100 Fretwire (USA);
- ABM 4-String Headless Bass System Bridge & Headpiece (Germany);
- Nordstrand Dual Blade Neo Soapbar Pickup Set (USA);
- John East U-Retro Preamp (England);
- Schaller Strap Lock System Buttons (Germany);
- GHS 5630 Double Ball End Bass Strings Stainless Steel Rounwound - 45/63/84/106 (USA);
- Peso: 3.454 gramas.
Made in Brazil, Mars 2012 by Achiles Guitar Network

E o que diferncia um bom luthier é abraçar a ideia do cliente, isso ele fez com maestria, pois Jazzigo alterou 100% dos baixos e ele era quem fazia estas "loucuras".

Eletrica X, coloque Y, com W knobs se comportando de maneira A, captação precisa abrir mais a piscina, etc....

É isso! Fará muita falta...

Jazz, você tinha algum baixo com ele neste momento, fazendo serviço?
Se sim, como fará pra buscar?

Poxa, essas coisas nos abalam!
Muito triste!
Meus sentimentos a familia e aos amigos como o Jazigo.

Juninho Sampaio escreveu:E o que diferncia um bom luthier é abraçar a ideia do cliente, isso ele fez com maestria, pois Jazzigo alterou 100% dos baixos e ele era quem fazia estas "loucuras".

Eletrica X, coloque Y, com W knobs se comportando de maneira A, captação precisa abrir mais a piscina, etc....

É isso! Fará muita falta...

Com certeza, Juninho!

Algumas das minhas "loucuras" eram desafios para o Achiles. Perfeccionista sempre, entre tentativas e erros, ele fazia, desfazia, refazia e só me entregava o baixo quando o serviço estava absolutamente impecável, o que podia levar meses. Muitas vezes ele me dava desconto no pagamento pelo atraso, dizendo que meus desafios o obrigavam a mergulhar em pesquisa e refinamento técnico, no final das contas, eram aprendizado para ele. Sua ausência frea fortemente meu ânimo para novos devaneios.    

Juninho Sampaio escreveu:Jazz, você tinha algum baixo com ele neste momento, fazendo serviço?
Se sim, como fará pra buscar?

Claro!

Três Warmoth ainda estão no atelier: o Jazz Bass "Lazarus-Brasileirinho", para a instalação de um novo braço (normal); o P-Bass J/P, que herdaria o braço com headstock invertido do Brasileirinho, e precisa ainda de acabamento/pintura e montagem; e o Tele Bass semi-hollow, para acabamento/pintura e montagem.

A família está preocupada com os instrumentos que estão no atelier e fará um mutirão, coordenado pelo Athos (filho do Achiles), para organizar a devolução. Eles têm pressa, pois também precisam devolver o imóvel, que é alugado. O atelier é grande e, além dos instrumentos, tem as máquinas e o estoque de madeiras, partes e peças... vai ser um trampo, pois o Achiles não era um exemplo de organização. Estou em contato com o Athos, que já sabe dos meus baixos, e me coloquei à disposição, caso precise de ajuda.

Puts! Depois fala pra nós como foi o resgate!

Matéria do Correio Braziliense de ontem:

Morre Achiles Soares, renomado luthier de Brasília, aos 59 anos
Ao longo da carreira, Achiles se dedicou à criação e ao reparo de instrumentos musicais de corda, sendo referência nacional e internacional na profissão

Giovanna dos Santos*
Correio Braziliense, postado em 21/07/2022 14:07 / atualizado em 21/07/2022 14:07
https://www.correiobraziliense.com.br/diversao-e-arte/2022/07/5023727-morre-achiles-soares-renomado-luthier-de-brasilia-aos-59-anos.html


(crédito: Arquivo pessoal)

Morreu, na manhã desta quarta-feira (20/7), aos 59 anos, o luthier Achiles Soares, em decorrência de um infarto do miocárdio. Soares teria sofrido uma parada cardíaca dois dias antes, sucumbindo pela indisponibilidade de leitos em uma UPA em Brasília.

Nascido no Maranhão em 1963, mudou-se para a capital muito jovem. Durante os longos anos de carreira, Achiles conheceu diversos professores e artistas da cena musical brasileira e internacional. O velório será realizado nesta quinta-feira (21/7), das 14h30 às 16h30, e o sepultamento será às 17h, na capela nº5 do Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul.

Carreira

Luthier é o profissional que trabalha com a construção, manutenção e afinação de instrumentos musicais de corda, sopro e percussão. Portanto, o luthier deve conhecer bem os instrumentos e as necessidades específicas de cada um, bem como apresentar conhecimento básico sobre tons musicais. Durante boa parte da vida, Achiles Soares atuou em sua loja e ateliê Achiles Guitar Network, hoje localizada no Guará II.

O local estava sempre repleto de clientes ilustres e artistas renomados do Brasil todo, sem contar que Soares também costumava receber ligações de outros profissionais de vários países. A influência do luthier o consagrou como referência nacional e internacional na profissão.

Aos 15 anos, Achiles fez um curso de marcenaria, no qual fabricou um contrabaixo totalmente do zero e sem experiência prévia. Nesse momento, começou a descobrir o dom de artista. Pouco depois, participou de um concurso de escultura. Novamente, não apresentava conhecimento na área e estabelecia contato com a técnica pela primeira vez, o que não o impediu de conquistar o primeiro lugar na competição. Na busca de aperfeiçoar os estudos, Achiles teve a oportunidade de estudar em uma faculdade na Inglaterra quando jovem.

Influência

Além de fabricar e adaptar instrumentos de acordo com a necessidade dos clientes, Achiles Soares também tinha o dom da mentoria. Em entrevista ao Correio, Rafael de Araújo Silva contou sobre as experiências e conhecimentos que herdou de seu mestre. “Achiles chamava atenção pelo amor que tinha pelos instrumentos. Ele sempre os fazia com muito afinco, amor e sabedoria”, afirmou Rafael. “Até hoje vivo e respiro seus ensinamentos, que eram bem vastos. Minha experiência com ele foi muito intensa.”

Aos 37 anos, Rafael Silva também exerce a profissão da luteria e administra a própria loja no Núcleo Bandeirante, a Rafa Luthier. Hoje, acumula 12 anos de trabalho na área e carrega grande estima pela maestria com a qual seu mentor conduzia as tarefas e os possíveis desafios. Segundo ele, uma façanha admirável que Achiles Soares conquistou foi quebrar um tabu inerente à profissão: a de que um luthier que não sabe tocar um instrumento não recebe a devida credibilidade.

Por mais que Soares tivesse o conhecimento musical básico para testar e afinar os instrumentos, não tinha o costume de tocá-los. Mesmo assim, foi um profissional de alta credibilidade e referência. “Quando comecei a trabalhar com ele, não fazia ideia do prestígio que ele tinha. Achiles recebia telefonemas de outras pessoas do mundo todo para trocar conhecimento. Ele era reservado mas carismático e tinha um coração enorme”, conclui Rafael.

*Estagiária sob a supervisão de Nahima Maciel

Obs.: Em 17 anos de convivência com o Achiles, nunca ouvi falar desse Rafa Luthier. Nesse período, acho que apenas uma ou duas vezes vi algum assistente no atelier do Achiles e era fogo de palha. Não sei se esse Rafael foi um deles, mas, quando eu perguntava ao Achiles: "- Ué! E aquele seu assistente?". Ele respondia: "- Mandei embora. Tava fazendo m. e eu tinha de refazer o serviço.". Data vênia, mas parece que alguém andou de carona na matéria dessa estagiária.

JAZZigo escreveu:

Juninho Sampaio escreveu:Jazz, você tinha algum baixo com ele neste momento, fazendo serviço?
Se sim, como fará pra buscar?

Claro!

Três Warmoth ainda estão no atelier: o Jazz Bass "Lazarus-Brasileirinho", para a instalação de um novo braço (normal); o P-Bass J/P, que herdaria o braço com headstock invertido do Brasileirinho, e precisa ainda de acabamento/pintura e montagem; e o Tele Bass semi-hollow, para acabamento/pintura e montagem.

A família está preocupada com os instrumentos que estão no atelier e fará um mutirão, coordenado pelo Athos (filho do Achiles), para organizar a devolução. Eles têm pressa, pois também precisam devolver o imóvel, que é alugado. O atelier é grande e, além dos instrumentos, tem as máquinas e o estoque de madeiras, partes e peças... vai ser um trampo, pois o Achiles não era um exemplo de organização. Estou em contato com o Athos, que já sabe dos meus baixos, e me coloquei à disposição, caso precise de ajuda.

O Athos acabou de me ligar e disse que já separou meus baixos/partes. Devo buscá-los na próxima semana. Ele está dando prioridade à devolução dos instrumentos, para depois providenciar a retirada do resto dos equipamentos da loja e encerrar o contrato de locação do imóvel. Dois amigos o estão ajudando.

Juninho Sampaio escreveu:Puts! Depois fala pra nós como foi o resgate!

Tudo aqui em casa. Peguei esta manhã.
Foi de cortar o coração ouvir da Ivana, com os olhos embotados em lágrimas, praticamente pedindo desculpas, que não queria me ver levando os baixos assim...

poxa bicho! Dá um nó na garganta e eu nem conhecia!

^Que situação...

Imagino a cena

Juninho Sampaio escreveu:poxa bicho! Dá um nó na garganta e eu nem conhecia!

Verdade.

Tomara que eles fiquem bem.

Triste. Que ele descanse em paz e sua família fique bem.

JAZZigo escreveu:O lado ruim, além da tristeza evidentemente, é que ficamos meio que órfãos aqui em Brasília para as soluções mais complexas em luthieria.

Agora há pouco, no grupo de WhatsApp para compra/venda/troca de equipamentos, criado pelo luthier Haroldinho Mattos, aqui de BSB:



Para vocês terem uma ideia, o pessoal tá sugerindo o envio dos instrumentos para luthiers fora de Brasília, quando houver necessidade de serviços mais complexos...

Caramba!!!

Mestre Jazz, são poucos os luthiers "de verdade" (sem desdém), q, verdadeiramente, têm domínio de seu ofício.

Perder tão cedo um luthier de confiança para o gélido abraço final que a todos nos aguarda é como um músico ficar orfão.

Forte abraço, JAZZigo!

fheliojr escreveu:Mestre Jazz, são poucos os luthiers "de verdade" (sem desdém), q, verdadeiramente, têm domínio de seu ofício.

Nem me fale, Hélio! O instrumento do qual falou o colega naquela mensagem WhatsApp é um Rickenbacker 4003 ano 1994, baixo de construção e setup diferenciados, que requer expertise com a marca. Tente imaginar a responsa e dificuldade técnica de enfiar no "forno" apenas o braço de um o baixo inteiriço com binding em material plástico... definitivamente, não é para qualquer luthier não, meu amigo!

O Achiles curtia topar meus "desafios", mas sempre foi muito pé no chão. Raras vezes, quando o serviço de fato não seria viável ou seria inócuo, ele me explicava detalhadamente o porquê, me convencia e me "mandava" por a barba de molho.

Zubrycky escreveu:Perder tão cedo um luthier de confiança para o gélido abraço final que a todos nos aguarda é como um músico ficar orfão.

Forte abraço, JAZZigo!

Com certeza, amigo Zubrycky! Estou meio sem chão ainda, tentando cogitar novas perspectivas e/ou desistências para os projetos que eu tinha/tenho em mente, enfim...

Valeu! Grande abraço,