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RIP Magro Waghabi

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Mensagem por bodhan Qui Ago 09, 2012 12:18 pm

08/08/2012 - 10h50
Músico Magro Waghabi, do grupo MPB4, morre aos 68 anos


O músico fluminense Antonio José Waghabi Filho, o Magro do conjunto vocal MPB4, morreu na manhã desta quarta-feira (Cool. Ele estava internado no Hospital Santa Catarina, em São Paulo. Desde 2002, lutava contra um câncer de próstata.

MPB4

Cantor, compositor, arranjador e instrumentista, Waghabi era integrante do MPB4, o mais importante grupo vocal masculino da música popular brasileira, ao lado de Dalmo, Miltinho e Aquiles.

A morte do músico foi anunciada no site oficial do grupo: "Depois de longa luta pela vida, Antonio José Waghabi Filho, o Magro do MPB4, nos deixou. Com ele vai junto uma parte considerável do vocal brasileiro. Com ele foi a minha música", lamentou Aquiles.

O corpo de Magro será velado até as 21h no Hospital Beneficência Portuguesa. Amanhã, às 11h, será cremado no crematório da Vila Alpina, também em São Paulo. O músico deixa mulher e dois filhos.

CARREIRA

As experiências musicais que resultariam no MPB4 começaram em Niterói, em 1962. O grupo ganharia esse nome só dois anos depois.

Batizado simplesmente de "MPB4", o primeiro álbum do grupo veio em 1966 e apoiava-se sobretudo no repertório de Chico Buarque --nome que norteou a carreira do grupo durante todo o tempo.

A partir de então, passaram a lançar discos quase anuais --rareando um pouco a partir dos anos 1990.

Os mais cultuados são "Deixa Estar" (1970), "De Palavra em Palavra" (1971) e "Cicatrizes" (1972), criados no período em que o grupo se tornou mais militante no embate conta a ditadura.

O talento de Magro como arranjador vocal ganhou repercussão nacional em 1967, quando ele criou a complexa trama que unia a voz de Chico Buarque às dos quatro meninos do MPB4 em "Roda Viva" (Chico Buarque), canção defendida pelos cinco no III Festival de Música Popular Brasileira, da TV Record.

Também é dele o arranjo vocal da gravação original de "Cálice" (Gilberto Gil/ Chico Buarque), cantado por Chico e Milton Nascimento no álbum "Chico Buarque" (1978).

Em 1977, aceitou o convite de Chico para interpretar --não apenas cantando, mas também interpretando-- o Jumento no álbum "Saltimbancos", clássico instantâneo que alimenta até hoje o imaginário infantil.

Ali, Chico vertia para o português as canções do argentino Luis Enríquez Bacalov e do italiano Sergio Bardotti. Na versão nacional, Miúcha interpretou a Galinha, Nara Leão, a Gata e Ruy, também do MPB4, fez o Cachorro.

Dedicado a boleros, "Contigo Aprendi", trabalho mais recente do MPB4, foi lançado em junho passado.
Com MARCUS PRETO.


09/08/2012 - 03h00
"Pesadelo"

"Quando um muro separa, uma ponte une / (...) Você vem me agarra / Alguém vem me solta / (...) E se a força é tua ela um dia é nossa / (...) Olha o muro, olha a ponte, olha o dia de ontem chegando / Que medo você tem de nós, olha aí / Você corta um verso, eu escrevo outro / Você me prende vivo, eu escapo morto / De repente olha eu de novo / (...) O muro caiu, olha a ponte / Da liberdade guardiã / O braço do Cristo, horizonte / Abraça o dia de amanhã / Olha aí / Olha aí / Olha aí."

Os mais jovens talvez não conheçam a canção da qual fazem parte os versos supracitados. Trata-se de "Pesadelo" (melodia do saudoso Maurício Tapajós e letra do grande Paulo César Pinheiro), gravada pelo maravilhoso MPB4 no antológico disco "Cicatrizes". Corria o ano de 1972. Com as garras afiadas, a ditadura militar proibia o que viesse pela frente. Quase fui expulso do colégio porque ousei colocar no mural da escola uma matéria jornalística em que se falava de poluição --especificamente da que havia na cidade paulista de Cubatão. "O senhor é subversivo?", perguntou-me o diretor do colégio estadual MMDC, na Mooca.

Para tentar driblar a censura militar, Paulo César Pinheiro mandou a letra de "Pesadelo" para a censura no meio de uma infindável coleção de letrinhas bobocas de outros autores da gravadora. Dito e feito. O censor deve ter-se enjoado de ler baboseiras e foi logo carimbando "Aprovado" em tudo. E assim "Pesadelo" ganhou seu "alvará".

Corajosos, os integrantes do MPB4 incluíram a canção no LP "Cicatrizes", hoje um clássico da nossa música. Se puder ouvir a gravação original (de preferência a original, de estúdio), preste atenção na grandiosidade dos arranjos instrumental e vocal, perfeitamente integrados à letra, ao sentido da letra. A repetição do verso "Olha aí" e o modo de entoá-lo, por exemplo, traduzem com fidelidade o que era viver sob a eterna sombra de um fantasma, um pesadelo.

Dos versos de "Pesadelo", o que mais nos marcava era este: "Você me prende vivo, eu escapo morto". Dotado de fortes matizes do realismo fantástico ou mágico, o verso traduz com a mais extrema fidelidade o que acontecia nos porões do regime então vigente.

Em tempos cada vez mais insossos como os de hoje, em que muitas vezes (quase sempre) por falta de repertório, de lastro, de conhecimento histórico, poucas, pouquíssimas pessoas (mesmo letradas) conseguem compreender um miserável parágrafo de um texto informativo ou uma metáfora, uma ironia, chega a ser um sonho a possibilidade de que se entendam com profundidade peças em que estão presentes traços da multilinguagem, caso da antológica gravação de "Pesadelo", do MPB4, em que a melodia, a letra e os arranjos vocal e instrumental se fundem para transmitir uma mensagem forte, contundente, marcante.

Pois os arranjos que citei são de Antônio José Waghabi Filho, o Magro, do MPB4, o mesmo que criou outro clássico, o antológico e impressionante arranjo vocal de "Roda Viva", de Chico Buarque, do inesquecível festival de 1967. Magro nos deixou ontem. Foi para o céu, cantar e fazer arranjos para os anjos e os deuses da música, da beleza. É isso.

inculta@uol.com.br


Pasquale Cipro Neto é professor de português desde 1975. Colaborador da Folha desde 1989, é o idealizador e apresentador do programa "Nossa Língua Portuguesa" e autor de várias obras didáticas e paradidáticas. Escreve às quintas na versão impressa de "Cotidiano".


http://www.radio.uol.com.br/musica/mpb-4/pesadelo/344836


Última edição por bodhan em Qui Ago 09, 2012 12:32 pm, editado 1 vez(es) (Motivo da edição : inserir link)
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Mensagem por GeTorres Qui Ago 09, 2012 12:30 pm

Lastimável perda...

A banda lá de cima tá cada vez melhor, só esta semana além do Magro, o Celso Blues Boy Também nos deixou

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Nunca dei a mínima para baixos caros, de marca, exceto os RK's, já não posso dizer o mesmo sobre pedais overdrive. Obrigado JAZZigo.
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Mensagem por Rick Charles Qui Ago 09, 2012 1:23 pm

Vi essa notícia mais cedo, a música brasileira perdeu 2 grandes nomes em menos de uma semana.
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Mensagem por Edu Fettermann Qui Ago 09, 2012 6:04 pm

Grande perda, o cara mandava muito. Tive o prazer de ver o MPB-4 em Brasília anos atrás e foi um dos melhores shows que já vi.
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