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Por que roqueiros dos anos 80 se tornam neoconservadores?

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Mensagem por Boss2K Qua maio 21, 2014 10:10 am

Por que roqueiros dos anos 80 se tornam neoconservadores?

O paradoxo para essa geração niilista e hedonista herdeira do trauma da cultura hiperinflacionária é que o fim do mundo não aconteceu. Depois de 30 anos muita coisa mudou no Brasil que o espaço aqui dessa postagem não permite descrever.

Por que roqueiros dos anos 80 se tornam neoconservadores? Rock-80

Fazendo caras feias e rostos vincados, roqueiros dos anos 80 se zangam e protestam dizendo que 30 anos depois, nada mudou no País. Artistas e bandas de rock que na década de 1980, inspirados no punk e pós-punk, se opunham ao regime militar e reivindicavam pelas Diretas Já e democracia. Hoje, queixam-se para uma mídia ávida por declarações conservadoras não só contra o Governo e o PT, mas  contra a própria instituição da Política e dos políticos. Por que só depois de 30 anos descobriram que o País “só patina ou piora”? Oportunismo em meio de carreiras em declínio? Forma de ganhar visibilidade midiática adotando o neoconservadorismo? Talvez a explicação não seja tão simples: por trás do niilismo e pessimismo fashion desses roqueiros talvez exista a repetição do trauma de uma geração que cresceu sob o impacto da cultura hiperinflacionária dos anos 80. Presos a essa cena de décadas atrás, de contemporâneos tornaram-se extemporâneos.

Em foto promocional do 18° discos dos Titãs, o grupo posa com caras de maus e vestidos de preto sobre lambretas. “São as caras feias de um Brasil que, vira e mexe não muda”, dá legenda o jornal O Globo. E na matéria o guitarrista (e colunista do próprio jornal) Tony Bellotto, 53, fuzila: “é uma m$%& pensar como o Brasil há 30 anos ou patina, ou piora”.É recorrente a leva de roqueiros dos anos 80 como Lobão, Roger, Dinho Ouro Preto, Léo Jaime entre outros que não só desfilam opiniões catastrofistas e de descrédito não só ao Governo Federal e ao PT, mas em relação à própria instituição da Política em redes sociais e grande mídia.

A ânsia em se portarem como críticos politicamente incorretos algumas vezes beira ao protofascismo como no episódio da “pegadinha” do colunista da Folha Antônio Prata que, simulando ter aderido ao neoconservadorismo, escreveu sobre uma suposta conspiração de “gays, vândalos, negros, índios e maconheiros” no Brasil do PT. O roqueiro Roger do “Ultraje a Rigor” caiu na “pegadinha” e no twitter congratulou o articulista por “ter culhões”. Roger não entendeu a ironia, na ansiedade de fazer parte da onda neoconservadora na grande mídia.

Em todos esses roqueiros sobreviventes dos anos 1980 dois traços em comum: a carreira em baixa por não conseguirem se reinventar e a paralela conquista de espaços na grande mídia como colunistas de revistas e jornais, repórteres de programas vespertinos como Vídeo Show da TV Globo, banda de apoio a talk showsde stand ups neoconservadores ou jurados de reality show musicais. E os espaços alternativos que ganham na grande mídia crescem na proporção direta em que se expõem como estrelas neoconservadoras que participam da grande editoria que unifica a todos: “o Brasil é uma m$%&!”.

Para quem foi contemporâneo dessa geração como esse autor que traça essas linhas, é a princípio surpreendente esse posicionamento neoconservador. Uma geração cujas bandas participavam de programas alternativos de TV como Perdidos da Noite (1985-89) de Fausto Silva ou Fábrica do Som (1983-84) do vídeo maker Tadeu Jungle onde exibiam músicas furiosas e discursos críticos contra a ditadura militar e reivindicações viscerais pelas Diretas Já e a democracia na Política.

O que é marcante nesse discurso neoconservador é não só o ódio pelo PT, mas, principalmente, a descrença niilista da própria instituição da Política e da representatividade partidária pela qual reivindicaram há 30 anos.

Como explicar essa guinada ideológica de artistas e bandas de rock que, embalados pelos ventos do punk e pós-punk que sopravam da cultura pop, usaram essa força estética para protestarem contra o regime autoritário e a restrição a eleições diretas para presidente? E também como explicar por que só depois de 30 anos descobriram que o Brasil “ou patina, ou piora”?

Oportunismo? Artistas decadentes que procuram um lugar ao sol da grande mídia conservadora quando veem que suas carreiras estão em declínio? Acredito que a resposta talvez não seja assim tão simplista, mas resida no perfil psicocultural de uma geração que cresceu sob o impacto da hiperinflação da década de 1980

A cultura da hiperinflação

Ainda está por ser escrita uma história do legado que a cultura hiperinflacionária desse período deixou como mácula para toda uma geração. E essa história poderia começar a ser escrita a partir da forma como os expoentes artísticos dessa geração se entregam atualmente e de forma tão voluntariosa à onda neoconservadora e retrofascista que está em crescimento no País com linchamentos, ódio, intolerância e a sedução por “soluções finais” do tipo “golpe militar” ou “colocar uma bomba no Congresso”

A Nova República que se instalou no Brasil no início de 1985 deveria ser o princípio de uma transição democrática com o fim do regime militar. Mas o resultado foi que o País chegava a 1990 com inflação de 82% ao mês e aos inimagináveis 4.922% ao ano. Na atualidade, jovens na faixa dos 20 anos não conseguem imaginar o que era em um país onde o dinheiro que se tinha só dava para comprar a metade do que se poderia adquirir 30 dias antes.

O overnight (aplicação financeira que rendia taxas de juros diárias, e não mensais como habitualmente acontece hoje em dia) que acabou virando referência para o aumento dos preços virou o símbolo de uma cultura do “salve-se quem puder”, da ausência de expectativas em relação ao futuro e do viver cada dia como se fosse o último.

Partindo dos estudos das relações entre cultura e inflação feitas pelo cientista político Elias Canetti, Bernd  Widdig no seu livro Culture and Inflation in Weimar Germanypropõe um interesse enfoque cultural do dinheiro ao propor uma “semiótica da cultura inflacionária”. Tomando como objeto de análise a histórica hiperinflação da Alemanha no período entre guerras ela vai afirmar que a linguagem do dinheiro é o mais importante medium através do qual a sociedade moderna se comunica. O que acontece quando esse medium perde a confiabilidade e parte-se em pedaços? Que espécies de ansiedades são criadas? Quais energias antes ocultas são liberadas?

Canetti no seu curto ensaio Inflation and The Crowd discorre sobre três dinâmicas culturais inter-relacionadas: a circulação, massificação e depreciação como componentes de um sentimento geral de degradação de si mesmo: quanto maior a aceleração da circulação do dinheiro, mais se incrementa o sentimento de massificação (efeitos de manada, pânico etc.) e tanto maior a depreciação não apenas monetária, mas do próprio indivíduo e do futuro, criando uma razão cínica niilista e hedonista.

Por isso, na crise hiperinflacionária acaba-se criando uma paradoxal convivência de perdedores, poderosos, luxo e ostentação, um mix traumático que acabou produzindo na Alemanha tanto as vanguardas artísticas como o nazifascismo.

Dez anos a mil

No Brasil, psicanalistas como Jurandir Freire Costa em seu texto Narcisismo em Tempos Sombrios de 1988 fazia um diagnóstico do que ele chamou de “pânico narcísico”: o fortalecimento de uma cultura da razão cínica marcada pelo niilismo (a negação do futuro) e hedonismo (a busca de um eterno presente de prazer imediatista e descompromissado). A hiperinflação corroía todas as esperanças de que a transição para a democracia naturalmente levaria o País para o melhor dos mundos.

A poética das bandas de rock dos anos 80 reflete esse cinismo em relação ao futuro em versos como “é melhor viver dez anos a mil do que mil anos a dez” (Décadence Avec Élégance do Lobão) ou “devemos nos amar como se não houvesse amanhã” (Pais e Filhos do Legião Urbana) ou o niilismo do Barão Vermelho em Ideologia.

O Punk e o pós-punk chegam atrasados no Brasil (a virada punk dos Titãs com o disco Cabeça Dinossauro ocorre dez anos depois da explosão pop dos Sex Pistols). A estética “No Future” ou “DIY” (Do It Yourself – faça você mesmo) do punk é despolitizada e incorporada à atmosfera sombria de descrença em relação ao futuro e das próprias instituições políticas: “Ladrão por ladrão, vote no Faustão”, caçoava Fausto Silva no programa Perdidos na Noite enquanto a banda Titãs tocava “Lugar Nenhum” – “Não sou brasileiro, não sou estrangeiro. Sou de lugar nenhum”.

Nessa específica edição do Perdidos na Noite, questionados pelo apresentador Fausto Silva sobre a preferência de candidatos à presidência, os componentes dos Titãs se revezam entre a indiferença e o cinismo ao propor como candidatos Hermeto Paschoal e Jorge Mautner – veja vídeo abaixo.

Dilemas de uma geração

Se a depreciação e massificação produzidas pela hiperinflação alemã na cultura produziu a despolitização (a descrença em relação às instituições de representação e negociação política) que resultou na sedução pelas “soluções finais” e pelo nazifascismo, no Brasil a descrença generalizada na Política nos trouxe o sebastianismo do “caçador de marajás”: a aposta suicida em alguém “diferente de tudo que está aí” e sedução por soluções diretas e sem negociações, representada pela figura trágica de Collor de Mello.

O paradoxo para essa geração niilista e hedonista herdeira do trauma da cultura hiperinflacionária é que o fim do mundo não aconteceu – afinal de contas, o fim do mundo não foi o fim do mundo, parafraseando a música do Lobão. Depois de 30 anos muita coisa mudou no Brasil que o espaço aqui dessa postagem não permite descrever.

Mas o psiquismo dessa geração parece ainda estar preso na cena traumática do passado, repetindo ainda 30 anos depois na cabeça a mesma cena da depreciação, do niilismo e do cinismo. Todos esses roqueiros, agora traduzidos como “neoconservadores”, parecem conviver com os seguintes dilemas:

(a) o mundo não acabou, o País mudou, mas ainda tentam manter o discurso da revolta cínica e desesperançada com a qual chegaram ao estrelato na cultura da hiperinflação da década de 1980.

(b) suas carreiras começaram a entrar em declínio por não conseguirem se reinventar diante da mudança de cenário social e político. De contemporâneos tornaram-se extemporâneos.

(c) por isso, tornaram-se presas fáceis para o discurso neoconservador atual alimentado pela grande mídia. Em cada coluna de revista, artigo ou declaração para a grande mídia ávida por confirmar sua pauta primordial (o Brasil é uma m$%&!), seus discursos extemporâneos são repetidos como farsa, como repetição neurótica da velha cena do trauma localizada há 30 anos.

<iframe width="480" height="360" src="https://www.youtube.com/embed/P8ugwsBa6JM" frameborder="0" allowfullscreen></iframe>

Por Wilson Roberto Vieira Ferreira, do Cinegnose

http://www.revistaforum.com.br/blog/2014/05/por-que-roqueiros-dos-anos-80-se-tornam-neoconservadores/

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Mensagem por bodhan Qua maio 21, 2014 10:54 am

Considero que o rock não foi uma manifestação cultural no Brasil nos anos 80, não foi espontâneo, não aconteceu como uma forma de expressão artística e portanto, não tenho e nem nunca tive nenhuma expectativa de coerência de seus integrantes!
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Mensagem por allexcosta Qua maio 21, 2014 11:00 am

O que acontece com esse pessoal é um processo psicológico simples e corriqueiro entre pessoas que são ex alguma coisa: ex atletas, ex famosos, etc...

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Mensagem por CaQuinhO Qua maio 21, 2014 11:04 am

É simples...

Como estudiosos, são ótimos músicos!
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Mensagem por gpraxedes Qua maio 21, 2014 11:15 am

CaQuinhO escreveu:É simples...

Como estudiosos, são ótimos músicos!
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Mensagem por bodhan Qua maio 21, 2014 11:16 am

CaQuinhO escreveu:
Como estudiosos, são ótimos músicos!
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Mensagem por Hamilton Lima Qua maio 21, 2014 3:39 pm

Contam-se nos dedos os "roqueiros dos anos 80" (como chamou o autor) que não viraram caricaturas de si mesmo (sendo que o "si mesmo" já sofria de uma esquizofrenia). No caso específico dos titãs, de quem eu era fã na adolescência, eles realmente perderam várias oportunidades de acabar com a banda de maneira honrosa.


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Mensagem por Mauricio Luiz Bertola Qua maio 21, 2014 5:54 pm

bodhan escreveu:Considero que o rock não foi uma manifestação cultural no Brasil nos anos 80, não foi espontâneo, não aconteceu como uma forma de expressão artística e portanto, não tenho e nem nunca tive nenhuma expectativa de coerência de seus integrantes!

Ao contrário... Foi e produziu uma geração de artistas e um "caldo cultural" (no dizer de Theodoro Adorno) que existe até hoje, cuja influência se pode ver (e ouvir) em muitos lugares (cultural e musicalmente falando).
Se, esses artistas hoje em dia tem opiniões "neoconservadoras" como diz o jornal (aliás suspeito, posto que É conservador!), isso se deve, tanto às suas carreiras bem-sucedidas, à idade e à constatação de que esse país mudou pouco mesmo no que eles acham que não mudou. Ademais, ser descrente da política não é (nem nunca foi) uma característica específica desse pessoal; atualmente é de todo mundo. Coisa que naquela época não era, posto que achávamos mesmo que havia uma chance de mudança (e havia sim!). Infelizmente o Brasil sofreu sua pior depressão econômica (pior até que a dos anos 30!) nos anos 80, e o povo brasileiro e as forças mais progressistas da sociedade sofreram derrotas históricas nesse período (Ex.: A perda da Copa do Mundo de 82, a derrota da Emenda Dante de Oliveira, a eleição do Collor, a manutenção e ampliação das diferenças sociais, etc).
Eu vivi intensamente essa época, inclusive trabalhando em rádio e tocando aqui no RJ, e te digo: Em cada bairro tinha uma banda, inclusive fazendo trabalho próprio (se as formas estético-musicais eram originais, aí já é outra coisa...), tinha também uma galera boa oriunda dos anos 60 e 70 (que hoje está na faixa dos 60/70 anos) que influenciava muita gente. Portanto, dizer que o rock não é uma manifestação espontânea (o termo é discutível) no Brasil dos anos 80, é desconhecimento de causa.
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Mensagem por bodhan Qua maio 21, 2014 7:15 pm

Perdão, Bertola! Digo isso como leigo e que viveu aquela época tocando em bandas. Aliás, somos contemporâneos.
Sempre tive uma sensação de ser mais uma modinha de garotos de classe média tentando imitar bandas estrangeiras, o que pode ser considerado uma manifestação cultural, com certeza. É que de tantas coisas que aconteceram daquele tempo, não consigo gostar de nada! Tudo bem. Para ser cultura não precisa necessariamente ser bom, ou de meu agrado!
Dos anos 80, admiro o pessoal da Vanguarda Paulistana, Arrigo Barnabé, Premeditando o Breque, Itamar Assumpção, Rumo ...
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Mensagem por Mauricio Luiz Bertola Qui maio 22, 2014 7:58 am

bodham, não há que pedir "perdão", apenas estamos expressando nossas opiniões, e isso é ótimo!
Não era uma "modinha de garotos de classe média" (embora o pessoal das bandas fosse predominantemente de classe-média mesmo, embora não exclusivamente de zona sul ou dos jardins - em SP), mas sim um movimento cultural que tinha inclusive base nas condições político-sociais da época; por isso sua força e sobrevivência.
Cara, a vanguarda paulista é sensacional! Estética e culturalmente um movimento muito expressivo mesmo (eu tenho os discos - vinil - do Arrigo e do Premê). Aqui no RJ a questão era bem menos vanguardista do ponto-de-vista estético-musical, mas igualmente significativa pelo que representava de expressão de uma juventude combativa e esperançosa de um Brasil melhor naqueles tempos.
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Mensagem por webercar Qui maio 22, 2014 9:38 am

^ Parabéns Bertola. Todas estas bandas de rock dos anos 80 não foram fabricadas pela indústria fonográfica. Naquela época aqui no RJ tinham muitos espaços alternativos e Rádios FM que davam chances a bandas desconhecidas tocarem músicas de autoria própria. Em muitos clubes e espaços culturais tipo circo voador, lonas culturais, etc... Surgiram bandas como Blitz, Barão Vermelho, Kid abelha, Zero, Brylho, João Penca, Hanói Hanói, Hojerizah, biquíni cavadão, etc... Todas elas tocavam nestes espaços e depois foram descobertas pelas gravadoras. Eu adolescente, frequentava muito estes espaços e conheci várias bandas e seus músicos antes de lançarem o primeiro disco.

Este mesmo processo ocorreu em outros estados. Em SP por exemplo as bandas tocavam no Aeroanta, eu mesmo presenciei isto qdo fui a Sampa naquela época e dei um pulo lá no Aeroanta com uns amigos paulistas e assisti um show do Ira antes deles lançarem o primeiro disco.

Acho q a única banda de rock anos 80 que foi fabricada por gravadora foi o RPM.
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Mensagem por bodhan Qui maio 22, 2014 10:04 am

... Pô, Bertola, o "perdão" foi uma figura de linguagem.
Não consigo enxergar a juventude combativa e esperançosa que você está falando.
Claro que ter esperança e ser combativo são características de qualquer adolescente!
Tanto que, para mim, o que mais marcou foi a música "Inútil" do Ultrage a Rigor. Hino desta (minha, nossa) geração!

Webercar, não esqueça do teatro Lira Paulistana.
Não consigo e não conseguia apreciar nenhuma banda citada! Sou um mega chato mesmo!
Com certeza aconteceu um movimento cultural, não tenho dúvida, mas acho tudo muito chato, ruim, caricatura!
Melhor enfiar minha viola no saco!\
Abraços! Very Happy
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Mensagem por allexcosta Qui maio 22, 2014 10:08 am

Acho que o bodhan quis dizer que o rock do Brasil foi meio uma imitação do que acontecia lá fora (novidade hein?), mas o sentimento de desejar mudanças existia sim, como sempre existiu e ainda existe.
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Mensagem por bodhan Qui maio 22, 2014 10:48 am

... tudo bem imitar. Aprendemos música imitando, buscando uma referência. A vida caminha assim.
Acho a produção artística da época ruim mesmo, só isso. É gosto mesmo.
O Tinhorão não metia o pau na Bossa Nova? Gosto de Bossa, mas sou Tinhorão com o rock brazuca dos anos 80!  grin
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Mensagem por Lucas94 Qui maio 22, 2014 1:06 pm

Mas o Tinhorão também critica o Rock e o Rap brasileiros, segundo ele esses gêneros não tem uma identidade brasileira já que são baseados no que já foi feito em outros países. Gosto muito do Tinhorão como historiador, mas dificilmente concordo com as opiniões dele.

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Mensagem por webercar Qui maio 22, 2014 1:50 pm

Lucas94 escreveu:Mas o Tinhorão também critica o Rock e o Rap brasileiros, segundo ele esses gêneros não tem uma identidade brasileira já que são baseados no que já foi feito em outros países. Gosto muito do Tinhorão como historiador, mas dificilmente concordo com as opiniões dele.

Sim Lucas mas qual é o gênero musical de origem não pátrio que não tenha influências de fora? Se vc for analisar, o sertanejo tem muitas músicas copiadas das músicas texanas dos EUA, as músicas do norte tem influências das do Caribe, o Reagge nacional idem e assim vai.
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Mensagem por Lucas94 Qui maio 22, 2014 1:56 pm

Concordo com você webercar, mas como escrevi no post anterior, discordo da visão do Tinhorão, acho as influências estrangeiras muito positivas.

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Mensagem por Mauricio Luiz Bertola Qui maio 22, 2014 5:27 pm

webercar, essas que vc citou são as conhecidas, mas tem um monte que tocou à vera e sumiu depois, como Água-Brava, Alinaesquina, Vriesa, Malu Miranda, Coquetel Molotov, O Bando, etc... A lista é imensa...
bodham, talvez, por eu ter feito parte de movimentos estudantís e partidos políticos nessa época e por estar na universidade eu "enxergue" assim. O fato é que, no comício das "Diretas-Já" (eu estava lá), havia 1 milhão de pessoas na Pres. Vargas, e aquilo foi emocionante! Deu esperanças sim de um futuro melhor, mas depois....
Lucas94, o Tinhorão é um radical. Gosto disso e o respeito, mas não concordo com o que ele diz...
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Mensagem por bodhan Qui maio 22, 2014 6:02 pm

Mauricio Luiz Bertola escreveu:bodham, talvez, por eu ter feito parte de movimentos estudantís e partidos políticos nessa época e por estar na universidade eu "enxergue" assim. O fato é que, no comício das "Diretas-Já" (eu estava lá), havia 1 milhão de pessoas na Pres. Vargas, e aquilo foi emocionante! Deu esperanças sim de um futuro melhor, mas depois....

Ah! Tá certo! Foi mesmo emocionante o momento das Diretas Já. E muito triste acompanhar o cortejo do Tancredo.
... mas depois ... e como já dizia a música do Police, "There's no political solution".
Recordar é viver!
Este tópico está bom demais!
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Mensagem por Mauricio Luiz Bertola Qui maio 22, 2014 6:44 pm

Eu escrevi um artigo em um jornal da época mostrando como os partidos e "movimentos" democráticos e/ou de esquerda teriam muito à ganhar com a incorporação do rock às suas plataformas culturais; como várias bandas nesse período não se furtavam em seus shows de fazer críticas políticas ácidas e mesmo recomendar candidatos (a banda Analfa, por exemplo, fez isso, inclusive com panfletos); como a juventude da época tinha o rock nacional como uma alternativa cultural, a adoção de um discurso nacionalista (no mal sentido do termo) tacanho por parte das esquerdas tradicionais (Tinhorão é um exemplo disso na área acadêmica), afastava esses setores da juventude dessas mesmas esquerdas. Assim, perdeu-se a oportunidade, inclusive, de, num futuro não muito distante (daquela época) de se produzir uma síntese criativa entre o rock e a MPB.
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Mensagem por Dpaulo Sex maio 23, 2014 8:41 am

bodhan escreveu:Perdão, Bertola! Digo isso como leigo e que viveu aquela época tocando em bandas. Aliás, somos contemporâneos.
Sempre tive uma sensação de ser mais uma modinha de garotos de classe média tentando imitar bandas estrangeiras, o que pode ser considerado uma manifestação cultural, com certeza. É que de tantas coisas que aconteceram daquele tempo, não consigo gostar de nada! Tudo bem. Para ser cultura não precisa necessariamente ser bom, ou de meu agrado!
Dos anos 80, admiro o pessoal da Vanguarda Paulistana, Arrigo Barnabé, Premeditando o Breque, Itamar Assumpção, Rumo ...

Sou muito fã da Vanguarda Paulistana.
Para esse que é um fórum de baixo vale a pena escutar as linhas de baixo do Itamar Assumpção, coisas muito bem sacadas, vale a pena.
Comprei e recomendo um box com toda discografia do Itamar Assumpção, fica aí a dica.

http://www.saraivaconteudo.com.br/Materias/Post/10449
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