Vi um pedacinho do futuro pela fresta da porta.
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Vi um pedacinho do futuro pela fresta da porta.
Passamos os dias trabalhando: organizar, consertar, arrumar, fazer manutenção, tentar fazer melhoramentos, lavar, ensaboar, limpar, secar, costurar, remendar, pregar, serrar, cortar, e uma infinidade de outras coisas, grandes e pequenas, fáceis e difíceis, rápidas e demoradas.
Mas, normalmente, a noite é de descanso, de conversa jogada fora, de beber, fumar, rir, chorar, ler, ouvir e até cantar. Mas, nesta confusão toda de afazeres diurnos ou noturnos, o que gostamos mesmo é de lembrar.
Lembrar de nossa vida em terra, nossas famílias, filhos e esposa para quem é casado (não temos mulheres a bordo), noivas e namoradas, e amantes.
Nos esforçamos para lembrar de todos os detalhes, e quando não conseguimos, inventamos. O que importa é lembrar! E tão importante quanto, é que os outros percebam que você, também, pode.
Aquele riso, aquele choro de saudade, aquele olhar vago...
Nossas noites são assim, de devaneios.
E foi em uma destas noites, que me peguei lembrando de "un petit français"*, marrento, cheio de firulas e eletrônicos. E, como dizem: chegou chegando! E todo o estardalhaço que fez, pelo menos naqueles que curtiam sua arte, foi o fato de estar sozinho, fazer sozinho, criar sozinho. Que coragem!!! Que audácia!!!
(Jean Michel Jarre - Oxygene part 2)**
E não pude deixar de fazer uma comparação com o que vivíamos naquele momento. Que coragem!!! Que audácia!!! Deixar tudo para trás, literalmente ou quase (levamos nossas lembranças), a procura de "um mundo novo" para recomeçar. E recomeçar melhor.
Passada as horas, nem sei quantas, tive vontade de deitar e dormir. Afinal, o amanhã trazia afazeres constantes e muito trabalho para realizá-los.
Desci as escadas que davam para os dormitórios da tripulação. Havia um silêncio presente, poucos haviam se recolhido.
Mas ao abrir a porta, que dava acesso às camas, empilhadas em 3, uma luz meio amarela encheu meus olhos, e o clarão me deixou desnorteado. Perdi o equilíbrio, tentei me apoiar no marco da porta, ou na parede ou em algum "triliche" que estivesse perto, mas foi em vão. Caí. Estava um pouco atordoado, sem saber o que estava acontecendo.
E bem devagar fui me habituando àquela luz. Com um pouco de tempo mais, pude olhar diretamente para ela, vi um pedacinho do futuro.
[Madis*** - Desert Of Lost Souls (Live Performance at Błędowska Desert)]
Não sei quanto tempo se passou. Só sei que me senti sacudido, e ao abrir os olhos (Estava dormindo? Desmaiei?), vi um punhado de olhos me encarando cheios de interrogações.
Levantei-me. E muito sem graça fui em direção à minha cama. Deitei, e fechei os olhos, apertando-os.
A luz amarela, misturada com pinceladas de verde, uns rabiscos em azul e um branco esparramado pelo azul ainda brilhava forte em mim.
* https://en.wikipedia.org/wiki/Jean-Michel_Jarre
** "Oxygene
Em 1976, é lançado pela Disques Dreyfus o seu primeiro LP totalmente instrumental e sintetizado, Oxygene, que teve um sucesso estrondoso na França e só um ano mais tarde é lançado no resto do mundo pela Polydor, obtendo igual importância em outros países como por exemplo, o Reino Unido, Portugal, Espanha, Estados Unidos, Brasil, etc.
Devido à grande importância de "Oxygene", Jean-Michel Jarre recebe ainda em 1976 vários galardões, como o 'Grand Prix Du Disques' da Charles Cross Academy. Em 1977 a revista americana "People", coloca Jean Michel Jarre como uma das personalidades do ano, feito notável para um artista francês que tinha acabado de lançar o seu primeiro álbum. Deste LP, para além da sua interessante capa, (o planeta Terra desfazendo-se, com um crânio por dentro), destacam-se os famosos singles Oxygene II e Oxygene IV, sendo o primeiro adaptado em vários anúncios comerciais, e o segundo alvo de variadíssimas covers e do seu primeiro video-clip, em que numa das versões mostra inúmeros pinguins andando no gelo." - Wikipédia.
*** https://pt-br.facebook.com/madisofficial
Mas, normalmente, a noite é de descanso, de conversa jogada fora, de beber, fumar, rir, chorar, ler, ouvir e até cantar. Mas, nesta confusão toda de afazeres diurnos ou noturnos, o que gostamos mesmo é de lembrar.
Lembrar de nossa vida em terra, nossas famílias, filhos e esposa para quem é casado (não temos mulheres a bordo), noivas e namoradas, e amantes.
Nos esforçamos para lembrar de todos os detalhes, e quando não conseguimos, inventamos. O que importa é lembrar! E tão importante quanto, é que os outros percebam que você, também, pode.
Aquele riso, aquele choro de saudade, aquele olhar vago...
Nossas noites são assim, de devaneios.
E foi em uma destas noites, que me peguei lembrando de "un petit français"*, marrento, cheio de firulas e eletrônicos. E, como dizem: chegou chegando! E todo o estardalhaço que fez, pelo menos naqueles que curtiam sua arte, foi o fato de estar sozinho, fazer sozinho, criar sozinho. Que coragem!!! Que audácia!!!
(Jean Michel Jarre - Oxygene part 2)**
E não pude deixar de fazer uma comparação com o que vivíamos naquele momento. Que coragem!!! Que audácia!!! Deixar tudo para trás, literalmente ou quase (levamos nossas lembranças), a procura de "um mundo novo" para recomeçar. E recomeçar melhor.
Passada as horas, nem sei quantas, tive vontade de deitar e dormir. Afinal, o amanhã trazia afazeres constantes e muito trabalho para realizá-los.
Desci as escadas que davam para os dormitórios da tripulação. Havia um silêncio presente, poucos haviam se recolhido.
Mas ao abrir a porta, que dava acesso às camas, empilhadas em 3, uma luz meio amarela encheu meus olhos, e o clarão me deixou desnorteado. Perdi o equilíbrio, tentei me apoiar no marco da porta, ou na parede ou em algum "triliche" que estivesse perto, mas foi em vão. Caí. Estava um pouco atordoado, sem saber o que estava acontecendo.
E bem devagar fui me habituando àquela luz. Com um pouco de tempo mais, pude olhar diretamente para ela, vi um pedacinho do futuro.
[Madis*** - Desert Of Lost Souls (Live Performance at Błędowska Desert)]
Não sei quanto tempo se passou. Só sei que me senti sacudido, e ao abrir os olhos (Estava dormindo? Desmaiei?), vi um punhado de olhos me encarando cheios de interrogações.
Levantei-me. E muito sem graça fui em direção à minha cama. Deitei, e fechei os olhos, apertando-os.
A luz amarela, misturada com pinceladas de verde, uns rabiscos em azul e um branco esparramado pelo azul ainda brilhava forte em mim.
* https://en.wikipedia.org/wiki/Jean-Michel_Jarre
** "Oxygene
Em 1976, é lançado pela Disques Dreyfus o seu primeiro LP totalmente instrumental e sintetizado, Oxygene, que teve um sucesso estrondoso na França e só um ano mais tarde é lançado no resto do mundo pela Polydor, obtendo igual importância em outros países como por exemplo, o Reino Unido, Portugal, Espanha, Estados Unidos, Brasil, etc.
Devido à grande importância de "Oxygene", Jean-Michel Jarre recebe ainda em 1976 vários galardões, como o 'Grand Prix Du Disques' da Charles Cross Academy. Em 1977 a revista americana "People", coloca Jean Michel Jarre como uma das personalidades do ano, feito notável para um artista francês que tinha acabado de lançar o seu primeiro álbum. Deste LP, para além da sua interessante capa, (o planeta Terra desfazendo-se, com um crânio por dentro), destacam-se os famosos singles Oxygene II e Oxygene IV, sendo o primeiro adaptado em vários anúncios comerciais, e o segundo alvo de variadíssimas covers e do seu primeiro video-clip, em que numa das versões mostra inúmeros pinguins andando no gelo." - Wikipédia.
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Tarcísio Caetano- Membro
- Mensagens : 6531
Localização : Brasil
fheliojr gosta desta mensagem
Re: Vi um pedacinho do futuro pela fresta da porta.
Excelente tópico...




Cantão- Moderador
- Mensagens : 21341
Localização : Bauru
Tarcísio Caetano gosta desta mensagem
Tarcísio Caetano- Membro
- Mensagens : 6531
Localização : Brasil
Re: Vi um pedacinho do futuro pela fresta da porta.
Peguei bem!!!
Muito legal!!!
Muito legal!!!
Tarcísio Caetano gosta desta mensagem
Re: Vi um pedacinho do futuro pela fresta da porta.
Bacana! Belo texto!
Fernando Zadá- Moderador
- Mensagens : 14143
Tarcísio Caetano gosta desta mensagem

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