Isso é mesmo música?

Isso é mesmo música?

Achei bem interessante e didático esse vídeo de canal Sound Field e queria compartilhar com os amigos desse Fórum.

Confesso que, quando jovem, música era só o que eu (re)conhecia (e, muitas vezes, só o que eu aprovava) como tal.

Só com o tempo (e alguns providenciais e oportunos empurrões) fui percebendo que eu precisava estar mais interessado em CONHECER do que em PREFERIR se quisesse ampliar meus temas, repertórios e apurar minha sensibilidade. Aos poucos isso foi se tornando mais natural pra mim, tanto que transcendeu o campo da música e acabou se tornando um princípio filosófico de vida.

Divagações à parte, acho essa reflexão bem importante para todos, músicos ou apenas apaixonados por música, como eu. Abraço.

Sempre bom pensar fora da caixa.

WHead escreveu:Divagações à parte, acho essa reflexão bem importante para todos, músicos ou apenas apaixonados por música, como eu

Pare de falar bobagens meu caro... não condizem com sua destreza intelectual. O som dos Whiskyheads fala por si e eu curto demais. Esse seu comentário pode vir (talvez) de uma comparação desproporcional que você faz entre si próprio e alguém ou alguns músicos que admira. Porém eu acho absurdo!

Diga-me que essa linha não é exatamente o que essa música pedia? Além do timbre, claro! Diga-me que essa música não é do c***  

Me lembrei dessa cena.

"Guess you guys aren't ready for that yet…But your kids are gonna love it!"

Henri-Q escreveu:Sempre bom pensar fora da caixa.

Saudações, Henri-Q.
Muito obrigado pelas palavras e consideração. Saiba que a recíproca é verdadeira e sincera. E obrigado pela boa-vontade em ouvir nosso material!

Sobre o tema eu também compreendo a música como uma linguagem e, como tal, em constante evolução. Observo os que se especializam num ou outro gênero e os que cruzam os limites sem se ater aos rótulos. Muitos o fazem de forma consciente, observando as diversas realidades e respeitando as diferenças (mesmo que sem interagir). Mas o que me angustia são os que sequer sabem ou reconhecem universo de possibilidades, seja por falta de oportunidade, experiência ou por mera imaturidade. Eu era assim e hoje percebo que deixei passar muitas oportunidades e tempo. Os músicos profissionais, creio eu, têm uma melhor compreensão disso por diversos fatores (o próprio ambiente é mais propício à interação). Os leigos, por sua vez, talvez precisem ser despertados, como eu fui (aqui, o ambiente é mais restrito e excludente). Não se trata de querer moldar o gosto mas de oferecer novas e diferentes perspectivas - que fique bem claro. De qualquer forma entendo que a relação com a música é única e personalíssima, e que muitas vezes um gênero - ou música - nos basta. Mas acho pouco provável garantir isso sem nos expormos a outras propostas. Abraço.

Zubrycky escreveu:Me lembrei dessa cena.
"Guess you guys aren't ready for that yet…But your kids are gonna love it!"

Bem isso.

WHead escreveu:De qualquer forma entendo que a relação com a música é única e personalíssima, e que muitas vezes um gênero - ou música - nos basta.

Cara... lendo seu comentário, senti vontade de compartilhar algo aqui, mesmo sendo bastante pessoal e talvez um pouco off topic. Esse fim de semana fui no sítio da família aqui em Mairiporã, buscar minha filha que tem passado a quarentena por lá (uma vez que há isolamento suficiente e espaço físico adequado) e acabei levando o violão (o que raramente faço, pois mesmo levando conta espaço e peso, sempre levo baixo e ampli). Hoje pela manhã tirei a harmonia de Perdoa da Leci Brandão e passei o dia tocando a música e pensando: - Isso seria muito mais legal no cavaquinho! - O resumo da ópera foi que decidi que vou comprar um cavaquinho. Já tive vontade de ter um antes, mas hoje foi surreal... praticamente me vi tocando o pequeno chorão.

Se tu me dissesse nos idos de 2006, onde eu fazia cover de Alice in Chains que o relato acima ocorreria comigo eu iria tirar um sarro daqueles.

Esse tópico chegou a minha vida um pouco atrasado pois eu (graças a Deus) só conheço dois tipos de música: a boa e a ruim. Estilos são só prateleiras onde a humanidade separa essas maravilhas por gênero.

allexcosta escreveu:

Caramba!
Isso é chato à beça!

Estilos são só prateleiras onde a humanidade separa essas maravilhas por gênero.
Henri-Q

Achei essa frase muito legal!!!

Mauricio Luiz Bertola escreveu:Caramba!
Isso é chato à beça!

IMHO, Song X é o tipo de som bom pra quem toca e ruim pra quem escuta.
Comprei o LP quando foi lançado, em 1986. Tô tentando digerir até hoje!!!

Respondendo à pergunta original, é sim.

Tudo é música, se a pessoa fez um barulho qualquer e disse que é música, é música. Simples assim.

É subjetivo e ninguém pode se achar mais capaz que alguém para julgar. Pra mim, Song-X é música melhor que Joy Division.

É tênue a linha da "vanguarda" pra aleatoriedade sem talento...

É igual parar pra apreciar um relógio e um par de óculos deixados a esmo no canto de uma galeria de arte...

Uma vez eu disse que metal extremo goiano é o subterfúgio de quem não sabe tocar, fiz inimigos

Stormbringer escreveu:É tênue a linha da "vanguarda" pra aleatoriedade sem talento...

É igual parar pra apreciar um relógio e um par de óculos deixados a esmo no canto de uma galeria de arte...

Uma vez eu disse que metal extremo goiano é o subterfúgio de quem não sabe tocar, fiz inimigos

Eu gostaria de dizer que não tenho paradigmas, mas meu limite é Ramones... aí não né! Acho que acabei de fazer inimigos

Hoje também compartilho da opinião de que música é tudo aquilo que se diz música.

Me lembro de assistir, ainda criança, a uma performance do Hermeto Pascoal e achá-la fantástica: lúdica, poética, um verdadeiro convite à brincadeira. Depois, já adolescente, me lembro de reencontrá-lo e me perguntar "que diabos era aquilo". Hoje já tornei-me fã do "mago" mesmo que algumas vezes eu não compreenda algumas das suas obras - momento em que eu busco, no olhar que eu tinha quando criança, uma interpretação mais aberta. Abraço.

Por falar em Hermeto..

Esses caras que vêem musicalidade no ar são surpreendentes. Nunca esqueço desse depoimento do Hebert Viana sobre Carlinhos Brown (e aqui deixo minhas sinceras desculpas aos que sofrem da síndrome de vira-lata ) depois de ter ficado surpreso com a musicalidade do cara durante o processo de composição de Uma Brasileira.

Depoimento...



A música...

(Modos irônico e satírico ativados) Questões musicais à parte, sempre que vejo o Carlinhos Brown ou leio/ouço o nome dele me lembro disso.

Não sabia dessa. Eu achei um compêndio de preconceito religioso (combo Brown, Bahia e baianos), homofóbico (a parte do Lulu), desrespeitoso (Gessinger, Marisa Monte, Chico Buarque e família)... Terrível! Não manjo muito de leis e tal mas será que não é ilegal escrever e publicar um conteúdo desse, mesmo de um contexto jocoso?

Theatre of Eternal Music - B flat dorian blues 19 x 63 (1963)


Eliane Radigue - Feedback Works 1969-1970 (2012)