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Dream Theater: Uma história fascinante (Parte II - "Era Mangini")

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Mensagem por Tarcísio Caetano Sáb Set 05, 2020 1:45 pm

Nada dura para sempre e chegava a hora do Dream Theater, mais uma vez, recomeçar. O grupo valeu-se com sabedoria da saída do seu líder e fundador e tornou a escolha do novo baterista algo como um reality show interessante de acompanhar. Entre os candidatos, nomes como Marco Minnemann, Thomas Lang, Virgil Donati e até o brasileiro Aquiles Priester. Mas foi Mike Mangini – que já havia trabalhado em projetos paralelos de James LaBrie – o alçado a assumir as baquetas da banda.
O primeiro lançamento com Mangini chega em 2011 sob o insinuante título “A Dramatic Turn of Events” (“Uma Dramática Mudança dos Eventos”, em tradução livre). Consistente – e rendendo até a primeira indicação da banda ao Grammy Awards, com a faixa “On the Backs of Angels” –, o álbum lidou bem com a expectativa causada na nova formação. Coube à Mike Mangini registrar suas baterias sobre ideias já previamente compostas por John Petrucci, ficando ao baterista apenas inserir suas nuances pessoais. Tal qual seu antecessor, o disco foi lançado em versões especiais e de luxo, incluindo um DVD do documentário completo sobre a escolha do novo integrante.
Capitaneadas por Petrucci, as composições tiveram um envolvimento maior dos demais membros, seja nas letras ou nos arranjos, e desse esforço conjunto destacam-se “Bridges in the Sky”, “Outcry” e a grandiosa “Breaking All Ilusions”. A turnê rendeu mais um material ao vivo, o primeiro em Blu Ray. “Live at Luna Park” foi gravado em 2012 na tradicional arena de Buenos Aires e lançado no ano seguinte também em DVD e CD triplo.

Dream Theater: Uma história fascinante (Parte II - "Era Mangini") A_dram11
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"Bridges in the Sky"

"Outcry"

"Breaking All Illusions"

Superado o baque e ainda vivos no coração dos fãs, nascia, em 2013, o primeiro álbum autointitulado do grupo. “Dream Theater” era o primeiro registro de Mike Mangini sendo a mente criativa das baterias da banda – e não apenas gravando o que já estava escrito por Petrucci, como no disco anterior. “As pessoas ficarão loucas quando ouvirem as baterias desse álbum. Eu sinto como se Mangini tivesse sido libertado. É tudo ele, toda sua criatividade, decisões e ideias. O cara é um animal”, dizia um animado John Petrucci.
À exceção da faixa que encerra o disco, todas as demais são concisas quando se fala de Dream Theater – entre cinco a sete minutos. Dentre elas, “The Enemy Inside” é poderosa e garante a segunda indicação da banda ao Grammy. “The Looking Glass” deixa evidente uma influência direta de “Limelight”, do Rush – banda seminal na definição sonora de todo o Dream Theater –, enquanto “The Bigger Picture” reforça que a capacidade de compor belas canções será sempre uma marca maior da banda, superior a uma crendice minoritária que os acusa de virtuosos gratuitos. Postulante imediata a clássico, “Illumination Theory” e seus suntuosos 22 minutos tem tudo o que o bom apreciador de Rock/Metal Progressivo quer ouvir. Myung e Mangini estão sublimes e o encerramento da faixa – e do álbum – é apoteótico.
No ano seguinte, mais um disco ao vivo: o Blu Ray/DVD/CD “Breaking the Fourth Wall” trazia a Berklee College of Music num formato de orquestra de câmara, aditivado a um grande coral no palco. Além de faixas dos trabalhos mais recentes, o show teve o segundo set quase inteiramente dedicado aos clássicos “Awake” (1994) e “Metropolis Part II: Scenes From a Memory” (1999), que completavam, respectivamente, 20 e 15 anos do lançamento.

Dream Theater: Uma história fascinante (Parte II - "Era Mangini") Dream_10
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"The Looking Glass [OFFICIAL VIDEO]"

"The Bigger Picture (Audio)"

"Illumination Theory (Audio)"

Após dois discos coesos, mas tradicionais demais para os padrões do Dream Theater, chegava a hora da nova formação ousar em mais um trabalho fora do convencional. Um novo álbum duplo viria e, como se não bastasse, sob uma temática conceitual manifestada ao longo de 34 faixas. “The Astonishing” tratava de um mundo futuro distópico, onde a música é veementemente coibida por uma realeza opressora e o único entretenimento sonoro que existe são máquinas de barulho (noise machines, ou NOMACS).
Nessa ambientação, composições bem menos carregadas de notas pautam todo o trabalho. “The Astonishing” soa ora como um musical da Broadway, ora como uma trilha sonora de um filme de ficção científica, sendo bem diferente de quase tudo que o Dream Theater já fez. Talvez por isso tenha tido reações tão extremadas. Ainda que seja o primeiro disco da banda a alcançar o topo da parada Rock da Billboard, muitos fãs torceram o nariz para o formato, considerando-o enfadonho e arrastado. “Os resultados não vão agradar todos os partidários do Dream Theater, nem vão converter os mais céticos. Mas é preciso um coração duro para negar crédito a John Petrucci, Jordan Rudess e seus companheiros de banda pela coragem de suas aspirações aqui”, dizia a Rolling Stone. Já vislumbrando essa polarização, a banda fez uma turnê digna de nota: todos os shows, inclusive os da América do Sul, foram em casas de espetáculo fechadas, com ingressos vendidos para assentos numerados, telões de alta definição e produção grandiosa. Nas dependências dessas casas, diversos atrativos remetendo ao novo disco eram disponibilizados aos fãs para interação, como NOMACS, painéis e alguns souvenires. Nada que impedisse diversos assentos vazios em alguns shows de tour.
Do álbum, pouca coisa passou incólume e menos material ainda deu indícios de sobreviver a setlists de turnês futuras. A entusiasmada “The Gift of Music” é uma dessas exceções, além do belo arranjo de “Hymn Of A Thousand Voices” e “Our New World”, a mais consistente de todo o (longo) disco. Como nos trabalhos anteriores recentes, “The Astonishing” também foi lançado em diferentes versões, onde a mais luxuosa delas vinha com vinil quádruplo, arquivos das músicas em alta definição para download, miniatura de um NOMAC, mapa e outros acessórios.

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"The Gift Of Music [OFFICIAL VIDEO]"

"Hymn Of A Thousand Voices (Audio)"

"Our New World [OFFICIAL VIDEO]"

O décimo quarto registro de estúdio da banda vinha com o fardo da redenção de um trabalho anterior, no mínimo, questionável (e na arte o que não é?). Composto em dezoito dias – tempo recorde até então –, “Distance Over Time” pode ser sinteticamente definido como uma singela volta às raízes. Sem longas canções e (quase) nenhuma opulência, o que se nota é uma banda definitivamente entrosada, que soube remar contra as adversidades e segue dominante no posto de maior nome do Prog Metal.
Em “Distance Over Time”, Petrucci e Rudess continuam monolíticos no cerne das harmonias, enquanto Myung e Mangini soam como parceiros de longa data – a considerar que Mangini tem quase dez anos de Dream Theater (como passou rápido!), “parceiros de longa data” já pode ser considerado um título apropriado para a dupla. Pode-se não gostar do timbre de James LaBrie, mas a colocação e vitalidade da voz do vocalista de 57 anos, sustentando shows de 3h de duração há quase de 30 anos, é absolutamente respeitável. Nesse novo registro tudo segue em seu lugar. Um grande destaque vai para a vertiginosa melhora do som da bateria de Mangini, criticada desde seu debut na banda em “A Dramatic Turn of Events” (2011).
Tecnicamente, “Distance Over Time” é um álbum maturado. Faixas como “Barstool Warrior” ou “Fall Into the Light” nitidamente privilegiam os arranjos e transmitem a ideia de que cada nota está preenchendo seu espaço sem deixar qualquer lacuna. A introdução de John Myung em “S2N” é a tônica de toda a faixa, que evidencia que o saldo da eterna fusão de peso, técnica, melodia e harmonia, tão característica do Dream Theater, segue sendo muito positivo. “At Wit’s End”, melhor canção do trabalho, mostra que a fonte de grandes riffs de John Petrucci continua tão fecunda quanto a capacidade de LaBrie em ser um bom melodista. Um disco animador, que mantém vívida uma chama que simultaneamente aquece o coração dos fãs e neutraliza a ação dos caricatos haters.
A versão de luxo foi disponibilizada com todas as faixas em formato instrumental, mixagem 5.1, vinil duplo, pôsteres e um bocado a mais de itens.

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"Barstool Warrior"

"S2N"

"At Wit's End"

Recentemente, John Petrucci e Mike Portnoy anunciaram que trabalharão juntos pela primeira vez em dez anos nas gravações do novo álbum solo do guitarrista. Apesar da comoção catártica que se instaurou nas redes, é preciso calma, uma vez que a banda sobreviveu à toda sorte de provações com Mike Mangini, sabiamente azeitando a presença do baterista pouco a pouco, seja nas composições ou até mesmo na captação do som dos tambores e pratos do seu instrumento. Demiti-lo agora não faria muito sentido.
Por outro lado, é inegável que houve uma redução do protagonismo do Dream Theater desde a saída de Portnoy e uma eventual volta do ex-líder seria inversamente proporcional a tudo isso, catapultando a banda a um posto talvez ainda maior que aquele atingido em 2010. O tempo dirá se o atual flerte dos dois fundadores foi apenas um sonho vão dos fãs. Inclusive deste que vos escreve.

Por Guilherme Mitre - Jornalista, Engenheiro Civil, baterista desde sempre. Fez parte da formação original da banda Rosa Ígnea que gravou 2 álbuns no estilo Metal Melódico. Tocou na banda Blues Gerais daqui de BH, mas como seu trabalho exige que ele viaje por muito tempo teve que passar as baquetas para outro. Como jornalista escreveu vários artigos para revistas especializadas em rock em seus mais variados estilos.
Tem 35 anos. E é o cara que mais conhece o DT que conheço. Por isso, o convite para fazer os tópicos, Partes I e II.
Tarcísio Caetano
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