O que acontece com a música protestante de hoje no Brasil?

Não tenho religião, mas gosto de frequentar templos religiosos, muitas vezes pela música...

Antigamente você ia numa igreja protestante havia umas músicas bonitas, com algum significado, que você lembrava e até cantava junto quando ouvisse de novo. Lembro de cabeça de umas clássicas com frases tipo "em espírito, em verdade", "você tem valor..." ou mesmo aquela que fala "a cidade é de ouro puro... além do rio azul..."

Mas hoje em dia tem umas músicas protestantes totalmente "não vai nem vem". Você pode ouvir 700x e não vai lembrar que já ouviu. Não possuem uma frase memorável, um arranjo impactante, nada...

Muitas fica uma base de balada e um tecladinho com aquela cama safada de "pad" e alguém falando um monte de coisa.

O que acontece?

Que vontade de escrever "um livro" sobre isso.

Acontece dentro das igrejas o que acontece fora também (apesar do povo de dentro de achar superior muitas vezes).

O povo vem emburrecendo musicalmente.

Dito isso, tem gente fazendo música boa (puxando de memória, tenho curtido a vibe do Projeto Sola, Catarina Von Bora e as galeras relacionadas).

Depois que a Hillsong entrou no cenário todo mundo quis ser igual a eles e rolou essa pasteurização geral. Aqui não necessariamente critico a Hilsong (até pq curto o trabalho deles), mas o fato de todo mundo querer soar como eles.

A musica gospel também é mercado, e como acontece em todo mercado, a simplificação acompanha o emburrecimento do povo, e cria musicos preguiçosos... esse tal de estilo worship é realmente maçante, repetitivo e sem conteúdo útil.. nao tem arranjos, mas tem muita repetição. entao o que mais tem relevancia sao musicas simplificadas pra poder ter mais alcance, ganhando o povo na repetição.

^ O que descrevi lá em cima chama "estilo worship" então?

Quer dizer que é um estilo definido e, portanto, evitável?

Lembro que fui numa apresentação da Ludmila Faber nos EUA e ela cantava músicas legais, que a gente curtia ouvir e tal... Como chama então esse estilo que descrevo como "legal"?

E o que leva seres humanos a preferirem esse tal de "worship" a coisas muito melhores?

Curiosamente uns anos atrás um aluno meu me apresentou ao som do Eli Soares e um de outro que era backing do Jota Quest, se não me engano, que achei bom demais e muito criativos. Guitarras na cara, grooves pesados, um som vivo e pulsante que soava moderno e jovem. Inclusive comentei que era interessante que a música gospel não precisava seguir o mercado pois tinha público cativo e especifico e que isso era libertador do ponto de vista criativo mas realmente quando escutei isso que o povo chama de workship achei frustrante demais.

allexcosta escreveu:^ O que descrevi lá em cima chama "estilo worship" então?

Exato! Toco em igreja evangélica, e "worship" é uma porcaria, musicalmente falando...
Maiorias da vezes só as músicas/louvores antigos, como vc mencionou, é que são boas!

Hoje as igrejas evangélicas lotam por causa das emoções que causa (em muitos) esse tipo de louvor.
Palavra, exortação, e salvação afasta fiel atualmente.
E igreja vazia não é um "bom negócio", para a maioria delas...

allexcosta escreveu:^ O que descrevi lá em cima chama "estilo worship" então?

Quer dizer que é um estilo definido e, portanto, evitável?

Lembro que fui numa apresentação da Ludmila Faber nos EUA e ela cantava músicas legais, que a gente curtia ouvir e tal... Como chama então esse estilo que descrevo como "legal"?

E o que leva seres humanos a preferirem esse tal de "worship" a coisas muito melhores?

nao neessariamente, mas veio desse estilo da hillsong, caracterizado por sons mais ambientes, letras repetitivas e rasas, sequencia de acordes simples e quadradas, mtos pads como fundo sonoro.... se vc ver, na maioria das igrejas evangelicas modernas, as musicas seguem quase sempre esse padrao... é chamado de estilo "worship", ou seja, uma musica mais pra criar um ambiente especifico pra um estado de espirito de adoração.. o problema é q isso se torna repetitivo, chato e cansativo, e faz todas as musicas parecerem iguais...

o que leva o povo a preferir isso é q a grande massa que consome está cada vez mais idiotizada, consumindo musica cada vez mais simples e ficando cada vez mais preguiçosa, entao quanto mais facil o conteudo é absorvido, mais sucesso faz...

allexcosta escreveu:(...)Quer dizer que é um estilo definido e, portanto, evitável?(...)Como chama então esse estilo que descrevo como "legal"?(...)

Não é simples ... como é o que dá views/$$$ muitos artistas "das antigas" entram na formulinha... rótulos não funcionam muito bem na música evangélica... vide - por exemplo - o "White Metal" onde você pode ou podia (acho que ninguém mais usa o termo) encontrar bandas desde metal clássico a extremo, mas pelo fato das letras serem cristãs recebia o nome "White Metal"...

O  "Coletivo Candieiro" tem fugido dessa formuleta. "Palavra Antiga" também... aí tem que olhar os artistas relacionados e ir catando.

allexcosta escreveu:E o que leva seres humanos a preferirem esse tal de "worship" a coisas muito melhores?

Acho que tudo começa com a mesma motivação do punk ou o fato de as pessoas sempre quererem uma raça de cachorro diferente das outras.

Se diferenciar.

Daí faz sucesso e outros tentam "se diferenciar" do exato mesmo jeito e tudo fica igual.

Esse papo me lembra esse cover/esquete do Postmodern Jukebox

rafael.buzzi.andrade escreveu:Se diferenciar.

Consumir música goguenta pra se diferenciar? Não entendo...

Essas músicas "vai nem vem" com o tecladinho pad e o povo falando emocionado por 8 horas sem parar chega dão dor de cabeça.

Tem um mercadinho aqui no meu bairro que tem umas conveniências, tipo abre domingo, preço bom, limpinho e tal... Mas só vou quando não tem jeito, porque tem uma TV de trocentas polegadas com essas bandas mirabolantes em alto volume. Aí se tu for comprar um baguio 2 horas da tarde tá tocando uma música, tu chega em casa, faz umas parada e precisa de outra coisa, chega lá 3:15 da tarde e tá tocando a mesma música, com as mesmas pessoas falando falas emocionadas e afetadas na TV e os donos e funcionários até têm dificuldade de atender porque ficam assistindo essas goguice embasbacados.

Eu hein...

allexcosta escreveu:Consumir música goguenta pra se diferenciar? Não entendo...

Aí entra o que eu falei lá em cima

rafael.buzzi.andrade escreveu:O povo vem emburrecendo musicalmente.

Quando a pessoa é ignorante em um assunto, não sabe o que tá perdendo (por isso coloquei o video do Postmodern Jukebox).
Mas tem outra coisa... esses movimentos não começam já assim nessa coisa goguenta (primeira vez que vejo essa palavra na vida).

Uma coisa é uma banda com capacidade técnica que resolve fazer uma música mais simples. Outra bem diferente é alguém que só consegue fazer os 4 acordinhos a não consegue sair dali.

Por exemplo:

Tem meio que 4 acordes na música toda. 5 vai... até mais se considerar as variações, mas se tocar de forma simples com 4 ou 5 acordes tu se vira "ok".
A letra não é nenhum João Alexandre, mas também não é propriamente rasa. Mais pro final até repete bastante, mas á um efeito dramático e pensado pra ser assim.

Eles podem fazer mais complexo, mas quiseram fazer mais simples por questões estéticas.
Ouuuuutra coisa agora é uma banda formada por gente mais limitada tentar "fazer igual"... aí fica essas nhácas.

Post duplicado

rafael.buzzi.andrade escreveu:Mas tem outra coisa... esses movimentos não começam já assim nessa coisa goguenta (primeira vez que vejo essa palavra na vida).

https://www.dicio.com.br/goguento/

rafael.buzzi.andrade escreveu:Uma coisa é uma banda com capacidade técnica que resolve fazer uma música mais simples. Outra be diferente é alguém que só consegue fazer os 4 acordinhos a não consegue sair dali.

Entendo. Porém bom não tem nada a ver com complicado e ruim nada a ver com simples.

rafael.buzzi.andrade escreveu:Ouuuuutra coisa agora é uma banda formada por gente mais limitada tentar "fazer igual"... aí fica essas nhácas.

Tendi. Essas nhacas goguentas...

allexcosta escreveu:Entendo. Porém bom não tem nada a ver com complicado e ruim nada a ver com simples.

Concordo completamente

Minha mãe é daquelas senhorinhas da Congregação Cristã do Brasil. Ela detona esses worship sem dó, hahahaha. Na verdade ela não suporta esse tipo de igreja neopentecostal, fala que só tem gritaria, showzinho e que os pastor só falam besteira, hahaha.

Fui evangélico de igreja neopentecostal durante anos, praticamente minha adolescência inteira, chegava a tocar 7 dias por semana no grupo de louvor, e peguei a fase quando o worship tava se popularizando. É isso mesmo o que já disseram aí em cima.

Minha mãe: "que músicas feias que tocam na sua igreja, por que eles ficam repetindo a mesma coisa toda hora? Umas letras feias, não têm poesia".

É sério, desse jeito mesmo ela falava, hahaha. Isso já em 2005. 

Realmente, não tem comparação com as músicas antigas. Na Congregação Cristã eles usam aquele hinário, o livrinho que tem os louvores com as letras. Tem cada música linda ali. Hoje em dia é um lixo total.

Até você, Allex, já reparou que há algo de errado.

Falta de substância, profundidade. Em termos passíveis de entendimento, é como um bolo falso daqueles que a gente usa para enfeitar a mesa para tirar foto. Todo bonito, com uma cobertura bonita, com uma aparência bonita que encanta os nossos olhos. Mas não tem recheio, não é comestível. Encanta e impressiona a alma, mas passa longe do espírito.