Penso, logo toco. Ou não.

allexcosta escreveu:
A música parte da alma, da essência do ser humano, do coração, de algo transcendente, não do cérebro...

O cérebro é a ponte entre o que vem da alma e os dedos, cordas vocais, etc...

Quanto menos cérebro se usa e quanto melhor a técnica, mais direta é a conexão entre o ser e o instrumento. O estudo existe pra fazer os obstáculos (cérebro, neurônios, etc...) menos influentes na expressão musical de cada um e aumentar a liberdade de criação...

Com essa citação do Sr. Allex e os meus estudos ontem a noite pra aula de hoje, eu cheguei a uma conclusão que queria compartilhar com vocês e até discuti-la(saudavelmente )

Ontem, quando eu fazia força pra fazer a escala, pensava nela, me concentrava com toda minha atenção, não saia certo. Porém ao relaxar e deixar a sonoridade, o tema de Jazz (autumn leaves), deixar a musica me levar, eu conseguia acertar e melhorar um pouco.

o que vocês acham, pensar faz mal pra música? Devemos praticar ao ponto de nos tornarmos a música, ou devemos nos preocupar em executar a música, e não em ser a música.

acho que isso já foi discutido muitas vezes aqui... e pelo que me lembro, o equilíbrio é a melhor medida para tudo... se vc puder aliar o seu dom ao estudo você terá um melhor desempenho...

Como eu já sou todo errado mesmo, prefiro ir na onda do Zeca Pagodinho... "deixa a vida me levar"... onde as notas me levam eu vou... gosto de usar intuição... mas com isso eu perco muita coisa... tenho noção disso...

mas nisso ai que eu quis dizer não tem a ver com dom, eu quero dizer, pra treinar, vocês fazem "força" ficam pensando como fazer. Ou fazem o exercicio bem relaxados.

E qual dessas maneiras vai contribuir mais para o aprendizado??

Eu não consigo fazer sem me concentrar no que estou fazendo, nem minhas necessidades fisiológicas. Assim, me concentro e me esforço muito toda vez que estou estudando. Concordo com o Alex que a música vem da alma, mas para chegar no ponto de deixá-la fluir direto da alma sem interrupção, é preciso investir bastante no processo "cerebral" da coisa, isto é, estudar, estudar, estudar. Por enquanto estou nessa fase, espero um dia chegar em um nível de técnica/conhecimento desses.

malka_aff escreveu:mas nisso ai que eu quis dizer não tem a ver com dom, eu quero dizer, pra treinar, vocês fazem "força" ficam pensando como fazer. Ou fazem o exercicio bem relaxados.

E qual dessas maneiras vai contribuir mais para o aprendizado??

Tem sim rapáaa... se tu não tiver dom pra qualquer empreitada que tu queira na vida, a coisa flui mas de maneira mais difíiiicil... o dom, creio eu ser um princípio de tudo... vc vai até fazer sem ele... mas com muito mais custo, muito mais sacrifício... penso eu tá... não que eu esteja certo...

mas na hora de tocar te juro que não fico pensando em escalas, modos, harmonias... apenas me divirto com a música... mas isso vai do modo de aprendizado de cada um... tem pessoas que necessariamente se sentem confortaveis SABENDO o que estão fazendo... utilizando métodos, modos, standards... no meu caso eu já gosto de inventar... qdo vou fazer um acorde, experimento novas formas, novas combinações, novos desenhos... mas não sempre... sei lá... o ser humano é tão complexo... cada um aqui vai se expressar de uma forma diferente... não há muita regra pra isso... creio eu...

Uma analogia meio besta, mas com um pouco de lógica:

Quando você dirige um carro, você pensa o quanto vai ter que virar a direção, se está apertando a embreagem, se está trocando a marcha? Depois da fase inicial onde você se preocupa com os pedais, o câmbio e a direção, chega um momento onde você dirige por instinto, só precisa se concentrar no transito e no caminho.
Na musica, conforme você estuda e pratica, vai acontecendo a mesma coisa, vai virando algo instintivo e você vai fluindo. Ou seja, quanto mais você pratica e estuda melhor você fica.

é justamente isto que procuro com este tópico, conhecer as diferentes maneiras de se expressar, não descobrir qual é a certa. Imagina o que não podemos aprender apenas conhecendo diferentes amneiras de pensar na música

esse pessoal ta meio filósofo hoje ..rsrs

Lembram daquele jogador que dizia: Ou eu jogo ou eu corro?
Pois é... eu sou assim: Ou eu penso ou eu toco.

Binão escreveu:Lembram daquele jogador que dizia: Ou eu jogo ou eu corro?
Pois é... eu sou assim: Ou eu penso ou eu toco.

Eu sou justamente o contrário. Toco pensando em quais escalas posso encaixar em determinado acorde, qual é o próximo acorde da harmonia, que licks se encaixam melhor, etc, etc, etc. Toco 'ligadão' em tudo, mas isso não quer dizer que eu não me divirta fazendo isso.

Só sei que quanto mais estudo, mais descubro que sei menos...

fabiormotta escreveu:Só sei que quanto mais estudo, mais descubro que sei menos...

quanto mais eu estudo, menos eu sei. kkkk

pq só aparece mais coisa pra saber e eu não dou conta do recado

ooh m****

Eu estou estudando, já há algum tempo, os métodos de harmonia da Berklee. São bem complexos, mas estão me ajudando muito na prática de conjunto e principalmente em minhas próprias composições. Tenho estudado pouca técnica, infelizmente. Preciso corrigir isso.

Existe tocar um instrumento como emprego e existe a música como arte...

O objetivo da prática constante é aquilo que você aprende se tornar uma segunda natureza, sem necessidade de raciocínio para a expressão artística.

A técnica apurada é necessária pra que os limites do corpo humano sejam minimizados, sem o que nunca existirá uma epifânia, um êxtase musical, que é, ou deveria ser, o objetivo de todo artista... Pra quem assistiu "Cisne Negro" é aquele nível em que o artista se liberta das amarras das regras e da técnica e se torna um com a arte que interpreta. Isso que o diretor do balé buscava de Nina, uma bailarina tecnicamente perfeita, mas com uma alma presa e atordoada...

Rapaz, isso é meio complicado pra mim, tenho hiatos (muito danosos) nos meus estudos e acredito que isso compromete bastante na execução.
Mas sempre, sempre, desde os primórdios prefiro usar a intuição como o Well citou.
Se eu colocar meus neurônios para funcionar "como um reloginho" a bagaça trava, fica meio mecânico. Creio que tenho uma boa intuição, porém como sou um estudante meio relapso as vezes acabo por não saber usá-la em algumas ocasiões.

Uma conversa é natural... O vocabulário que usamos depende do que conhecemos ao ler e conversar com outras pessoas.

Concordo que o estudo nos dá vocabulário musical. Agora tem uns MISERAVIS que com pouco vocabulário fazem muito. Quem explica... Feeling.

Cara, é como o Allex disse:

Não penso, logo toco.

Penso, logo não toco.

Pra mim, tudo além disso é falso! hehe

Essa discussão tem tudo a ver com a idéia dos 4 Níveis de Percepção no aprendizado de um instrumento musical, apresentada pelo baixista Anthony Wellington no DVD Groove Workshop do Victor Wooten. Segue o vídeo:



Fiquei vários minutos ruminando a verdade dessas palavras após ter assistido a explicação dele.

Que a Força esteja conosco!

Sá Reston escreveu:

^Salve Mestre YodaBass! Huahuahauhaua!

Mas falando sério, como músico por hobbie e futuro estudante de curso superior de Filosofia, esse tipo de coisa me desperta o interesse. Acho muito interessante essa visão espiritualista que muitos músicos tem de se tornar uno com o seu instrumento ao ponto da música fluir naturalmente, de tornar o instrumento uma extensão do seu próprio corpo e mente. Vixe, esse tipo de debate vai longe...

Tem um estado de concentração que, quando se está nele, tudo acontece. Não existem problemas, dificuldades nem nada, tudo é música. Não é balela, é fato. Já passei por isso algumas poucas vezes e vivo tentando atingir esse estado sempre que toco. Mas tentar não adianta nada, o que adianta é conseguir.

Quando isso acontece, ao lembrar depois, as imagens são todas de como se eu fosse espectador...

Acho que tem a ver um pouco com o que ele fala aí: