Tocar com mais groove

Olá, amigos.

Preciso de uma ajuda de vocês. Sou baixista de rock, toco quadradão e me sinto muito limitado por não conseguir tocar coisas mais suingadas, mais groovadas. Podem me dar algumas dicas de como desenvolver esse suíngue, como dar aquela pulsada dançante?

(eu sou tão por fora de groove que não sei nem explicar direito o que tô pedindo, mas é isso).

Se o que você sempre ouviu e tocou te levou a uma direção diferente daquela que você quer hoje, você precisa ouvir e tocar outras coisas...

Ouvir não é só colocar um som e fazer outra coisa. Ouça com fone, sozinho, veja vídeos das pessoas curtindo esse estilo que é novo pra você.

O groove é formado por pequenas imperfeições em ritmo e acento, fazendo com que você seja dono do beat e não o contrário. É simples e complicado ao mesmo tempo.

Por agora, recomendo que estude coisas básicas, como escalinhas e exercícios de iniciantes em andamento extremamente lento, como 40bpm, talvez em semibreves para começar. Isso tirará a ansiedade de tocar a próxima nota, que é característico de quem sempre tocou estilos retos. Tente tocar todas as notas de maneira explicada, com bom timbre e volume equilibrado.

Além disso, aprenda a dar valor às pausas. Para isso, nada melhor que tocar reggae. Recomendo a música abaixo, que tem 3 ou 4 notas. É uma música toda tocada meio que atrasando, o que é um dos segredos do groove.



Se ajudar, pergunte de novo quando esses conceitos forem interiorizados porque tenho mais de onde isso saiu.

começe tocando o contrario do q vc ja toca, frases lentas com poucas notas. se atente à força das notas, a dinamica.

groove nao é só black music, mas é qualquer coisa que tem um ritmo e uma repetição hipnótica, por exemplo as frases de reggae.
um exemplo:
o baixo é bem claro, facil de sentir o balanço da música.


perceba como as notas soam, a duração das notas, os intervalos entre elas, as pausas prolongadas, e o ritmo repetitivo. tem como tocar reto e tem como tocar com balanço, ache o equilíbio!

depois vai ouvindo coisas mais ligadas ao conceito, o primeiro album do ed motta com conexão japeri é uma aula de grooves simples e bem feitos:


repara como o baixo casa com o bumbo, os conceitos usando a 5ª grave, as oitavas.. presta atençao nos intervalos, alguns sao bem caracteristicos, domina as pentas...

Além disso tudo, recomendo o estudo de síncopes e notas mortas. Ajuda bastante dependendo do ritmo que você irá tocar.

Tive a sorte de conhecer o saudoso Aurélio Dias (baixista da Fernanda Abreu) em meados de 96, mudou minha vida. Ele andava com uma pilha de discos de funk/soul e um caderno com dezenas de transcrições desses grooves. Acho esse lance de ouvir/tirar/transcrever um caminho sensacional. Recomendo ouvir bastante essas coletâneas de soul, fica mais fácil familiarizar com a linguagem e repertório. Essa é bem legal.



Agora se você tem intimidade com leitura de partituras esses dois books são essenciais.
O primeiro é super tranquilo de ler, além de ter as partes escritas da guitarra e bateria o que é ótimo para sacar o que os outros instrumentos fazem.



Já esse do Jamerson exige uma leitura mais avançada. Eu considero a bíblia do groove.

allexcosta escreveu:Se o que você sempre ouviu e tocou te levou a uma direção diferente daquela que você quer hoje, você precisa ouvir e tocar outras coisas...

Ouvir não é só colocar um som e fazer outra coisa. Ouça com fone, sozinho, veja vídeos das pessoas curtindo esse estilo que é novo pra você.

O groove é formado por pequenas imperfeições em ritmo e acento, fazendo com que você seja dono do beat e não o contrário. É simples e complicado ao mesmo tempo.

Por agora, recomendo que estude coisas básicas, como escalinhas e exercícios de iniciantes em andamento extremamente lento, como 40bpm, talvez em semibreves para começar. Isso tirará a ansiedade de tocar a próxima nota, que é característico de quem sempre tocou estilos retos. Tente tocar todas as notas de maneira explicada, com bom timbre e volume equilibrado.

Além disso, aprenda a dar valor às pausas. Para isso, nada melhor que tocar reggae. Recomendo a música abaixo, que tem 3 ou 4 notas. É uma música toda tocada meio que atrasando, o que é um dos segredos do groove.


Se ajudar, pergunte de novo quando esses conceitos forem interiorizados porque tenho mais de onde isso saiu.

Alex, agradeço muito! Veja, uma das minhas dúvidas diz respeito não só ao tempo das notas (apesar de aqui ser a maior dificuldade), mas no que tocar também. Aquele vídeo do Nathan East com o Paul Gilbert é um exemplo disso. Ele vai jogando umas notas que não fazem parte do campo harmônico de Lá maior, uns cromatismos, etc. E a minha dúvida é como usar isso, como encaixar essas notas sem soar na trave.

AlbertoBass escreveu:
Agora se você tem intimidade com leitura de partituras esses dois books são essenciais.
O primeiro é super tranquilo de ler, além de ter as partes escritas da guitarra e bateria o que é ótimo para sacar o que os outros instrumentos fazem.



Já esse do Jamerson exige uma leitura mais avançada. Eu considero a bíblia do groove.

Esses dois livros são, na minha opinião, itens essenciais que todo baixista deveria ter na biblioteca.

P.S.: Mantive as fotos no quote porque as achei essenciais ao meu ponto.

Edu Fettermann escreveu:

allexcosta escreveu:Se o que você sempre ouviu e tocou te levou a uma direção diferente daquela que você quer hoje, você precisa ouvir e tocar outras coisas...

Ouvir não é só colocar um som e fazer outra coisa. Ouça com fone, sozinho, veja vídeos das pessoas curtindo esse estilo que é novo pra você.

O groove é formado por pequenas imperfeições em ritmo e acento, fazendo com que você seja dono do beat e não o contrário. É simples e complicado ao mesmo tempo.

Por agora, recomendo que estude coisas básicas, como escalinhas e exercícios de iniciantes em andamento extremamente lento, como 40bpm, talvez em semibreves para começar. Isso tirará a ansiedade de tocar a próxima nota, que é característico de quem sempre tocou estilos retos. Tente tocar todas as notas de maneira explicada, com bom timbre e volume equilibrado.

Além disso, aprenda a dar valor às pausas. Para isso, nada melhor que tocar reggae. Recomendo a música abaixo, que tem 3 ou 4 notas. É uma música toda tocada meio que atrasando, o que é um dos segredos do groove.


Se ajudar, pergunte de novo quando esses conceitos forem interiorizados porque tenho mais de onde isso saiu.

Alex, agradeço muito! Veja, uma das minhas dúvidas diz respeito não só ao tempo das notas (apesar de aqui ser a maior dificuldade), mas no que tocar também. Aquele vídeo do Nathan East com o Paul Gilbert é um exemplo disso. Ele vai jogando umas notas que não fazem parte do campo harmônico de Lá maior, uns cromatismos, etc. E a minha dúvida é como usar isso, como encaixar essas notas sem soar na trave.

Assisti ao vídeo e duvido que o Nathan estivesse pensando em alguma coisa naquela hora.

Não sou o Allex mas, tomando a liberdade de responder, meu conselho é estudar separadamente cada escala que compõe o campo harmônico ouvindo a sonoridade específica de cada uma e criando pequenas frases melódicas com cada uma, primeiro com as notas de cada escala e depois adicionando notas fora dela (Ouvindo como essas notas fora da escala soam dentro do contexto de cada uma delas).

Isso dá trabalho mas, com o tempo, você constrói o seu próprio vocabulário de frases.

Agora, sendo mais prático, pra começar, se você tocar a tônica* no primeiro tempo não há como errar.

*Ou uma nota da tétrade, mas aí o acorde muda.

Mano, tente se dedicar a "copiar" baixistas que fazem sons que você gostaria de alcançar. Funciona - mesmo - de maneira muito semelhante como acontece com a linguagem falada. Você precisa vivenciar, se apropriar...

Eu saí do rock e daí, quando entrei na graduação em Música, tive que aprender outros estilos. Quando saí e voltei para a minha cidade, já estava "swingado demais" para tocar metal, e tive que reaprender.

Linguagem: escute, copie, reproduza, vivencie... Busque referências e almeje sempre te fluência. No meio do caminho você vai colhendo avanços.

Edu Fettermann escreveu:Alex, agradeço muito! Veja, uma das minhas dúvidas diz respeito não só ao tempo das notas (apesar de aqui ser a maior dificuldade), mas no que tocar também. Aquele vídeo do Nathan East com o Paul Gilbert é um exemplo disso. Ele vai jogando umas notas que não fazem parte do campo harmônico de Lá maior, uns cromatismos, etc. E a minha dúvida é como usar isso, como encaixar essas notas sem soar na trave.

Aí não é só tocar groovado, mas ter um amplo vocabulário de frases no dedo.

É legal praticar numa base de blues tradicional. Você começa com as óbvias penta e blues e vai adicionando outras coisas.

Sempre recomendo a vídeo aula 2 do Patitucci pra entender frases sobre acordes. Além disso, busque por "licks 2-5-1 no google". Há umas coisas interessantes do Scott Henderson.

E há inúmeros livros de fraseado pra saxofone, guitarra, etc...

Coisas assim:

O que me ajudou na empreitada da banda de black e soul que estou agora foi: estudar tempo, contratempo, colar com o batera, notas mortas, sincope e ouvir muito R&B.

Você curte dançar Edu?
Ajuda muito sentir o balanço sem instrumento e depois transportar para o instrumento aquele "balanço" que você sentiu.

^ Boa, Zadá!!

Não precisa dançar passinhos ou nada assim, só sentir o balanço da música com o corpo.

Só que parece que ele está falando mais de fraseados de improvisação que de balanço ou groove.

Noto também que a galera que vem de ritmos retos, como o rock, se sentem muito desconfortáveis com as síncopes. Sentem quase que como uma rasteira rítmica ou um choque elétrico que os deixa atordoados. E é comum não terem a mínima idéia de onde está o 1 da música, mesmo que tenha ficado mais claro no início.

Para isso, é bom se familiarizar com ritmos latinos e africanos, onde a existência do 1 é meramente ilustrativa e a música passeia em volta do tempo forte sem nenhum pudor de acento ou de fazer a mente reta se sentir confortável.

Deixarei alguns exemplos que, por mais que sejam ruins de ouvir pra quem é criado no rock, podem diminuir esse desconforto e facilitar a liberdade rítmica necessária pra quem quer alçar novos vôos. O ideal é ouvir várias vezes e passar pela fase de "que diabo está acontecendo" pra "ah tá, tô começando a entender" e mesmo chegar a curtir.

Legal, pessoal. Obrigado pelas dicas. Tô numa luta interna pra sair do cercadinho do rock.

Alberto, obrigado pelas dicas dos livros! O meu negócio é que mesmo lendo partitura, não soa natural quando toco. Toquei muitos anos com um tecladista muito bom com quem fiz várias jams legais, e ele dizia que eu parecia um "gringo no samba" por até conseguir tocar as notas certas, mas não soarem naturais. Enfim... prática, prática e prática.

Mais uma vez, obrigado pelas dicas, pessoal. Vou pegar firme nisso.

pedrohenrique.astronauta escreveu:Além disso tudo, recomendo o estudo de síncopes e notas mortas. Ajuda bastante dependendo do ritmo que você irá tocar.

Só um adendo. Além desses dois campos de estudo e outros como escalas e formação de acordes para compor a linha de baixo, outras detalhes foram fundamentais:

1 - Ser membro do FCBR. Isso me forneceu muito material para me ajudar no desenvolvimento da linguagem.

2 - Ouvir estilos de músicas mais elaborados e que também me ajudam no desenvolvimento da minha linguagem no baixo.

3 - Pode parecer besteira, mas fazer amizade com pessoas que tocam estilos que usam de síncope, groove e afins me foi muito importante. Acaba que, sem perceber, num encontro, numa conversa, naquele momento em que ambos estão ali tocando juntos, o conhecimento é transferido. Absorvi muita coisa durante tardes nas casas de amigos.

ouvir, ouvir e ouvir.
se vc ja conhecer de intervalos, com o tempo vc vai aprendendo a identificar as sonoridades e caracteristicas do estilo.
esquece rock pra estudo, so vai te fazer ser bom em rock.
ouça de tudo, e principalmente sinta.

Edu, como você toca mais rock´n roll, pode começar pelo Blues, pelos standard do Jazz e pelo Reggae, como já disse e mostrou o Allex no primeiro vídeo do tópico, que é uma pancada de som.
Faz aquele sotaque do jazz, sincopado, em cima de uma base simples de blues.
Tem um monte de vídeo ensinando no vocêtubo.

1. Esse primeiro vídeo é massa. O cara mostra e deixa a base tocar pra você tocar em cima.

Walking Bass é swing. É pulsar, tocar sincopado e etc.




Blues

2. Com sotaque de jazz


3. aula do Maestro Jeff Berlin


4. Laboriel no swing

Estude outros ritmos e baixistas diferentes do que vc ja toca e acompanha.
Recomendo vc acompanhar os trabalhos do Braguinha, Fabio Aposan, Fernando Rosa, Charles Martins, Joe Dart, Kleyton Farney, Sergio Groove.

Quando quero estudar e pegar idéias de grooves, esses caras são referências para mim, em especial os três primeiros.

Isso não se ensina na escola...

Excelente tópico, penso que a área de "Técnica e teoria" deveria ser a mais movimentada do fórum.

Como foi dito acima, é super importante fazer uma imersão, entrar de cabeça no estilo que você pretende desenvolver. Escutar... Escutar... Escutar...tirar...escutar
Eu particularmente separei os principais baixistas por suas linguagens. Esses caras desenvolveram a linguagem do estilo.
James Jameson: tem uma linguagem fluída, toca pra frente, antecipado.
Roco Prestia: 16th notes, tem uma linguagem stacatto, leva tempo pra absorver. Pocket
Bernard Edwards: som de ponte, chuckin
Enfim, é importante sacar os cacoetes dos caras que desenvolveram essa linguagem.
Esse vídeo do Nathan East por exemplo, tem vários cacoetes de blues que são familiarizados por quem escuta e conhece essa linguagem. Esse solo do Willie Weeks aos 8:30 tem vários "cacoetes" que são usados nesses solos.

Essas vídeos aulas são bem legais.

Nelson Bass escreveu:Excelente tópico, penso que a área de "Técnica e teoria" deveria ser a mais movimentada do fórum.

Já foi, agora são novos ares